terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Domingo de Baixada na Sapucaí

Por Murillo Victorazzo

Caxias e Nilópolis protagonizaram o terceiro domingo de ensaios do Grupo Especial. Maior vencedora do carnaval carioca no século XX, a Beija-Flor sempre atrai as atenções ao entrar na Sapucaí. Paga, por isso, o preço da sua (justa) fama. Esperamos sempre muito dela, o que aumenta as chances de decepção.

Não se pode dizer que a escola fez um mal ensaio. Foi tecnicamente bom. A escola passou sem buracos, com a comunidade cantando. Porém, não foi aquele rolo compressor visto, por exemplo, em 2013, quando levou um enredo sobre cavalos. Talvez o atraso de quase uma hora tenha contribuído para a aguerrida comunidade nilopolitana não entrar com a impressionante vibração de sempre.

Mais surpreendentemente ainda foi sentir que o lindo samba, considerado um dos três melhores de 2015, não rendeu como imaginado. Quem frequenta a quadra da azul-e-branco garante que o andamento foi mais lento do que tocado em Nilópolis. Motivo, Neguinho e a bateria, que fez uma ótima apresentação, devem ter.

Nas palavras de um integrante da Comissão de Carnaval, foi "um ensaio morno". Promessa de muito trabalho nesses quase 20 dias que faltam para o desfile oficial. O perfeccionismo e a rigidez de Laíla, diretor-geral de Carnaval e Harmonia da escola, são mais do que conhecidos.

Ao contrário, com um samba não tão bonito mas alegre, pra cima, a Grande Rio mandou bem, surpreendeu positivamente. Fora eventuais erros em alas e seus cansativos "bicões" típicos, a tricolor contagiou. Cantou muito e mostrou que, se as outras derem mole, o tão sonhado título inédito pode, enfim, parar em Caxias.

Ressalte-se ainda que eles têm hoje o melhor intérprete do carnaval carioca, vencedor do Estandarte de Ouro ano passado: Émerson Dias. Enquanto Neguinho parecia burocrático, ele "arrepiou", junto com a Invocada.

Seja como for, a Baixada deu o tom no Sambódromo. Seus torcedores desceram em peso para lotar as arquibancadas e frisas. E voltaram com a impressão de que, apesar dos pesares, depois de três anos, o troféu de campeã pode voltar para a região.