segunda-feira, 14 de março de 2016

A bala de prata petista

Por Murillo Victorazzo

Em 2011, seu primeiro ano de governo, Dilma demitiu sete ministros após denúncias de corrupção. Vestia a fantasia da "faxineira ética". Hoje, confirmada a ida de Lula para o ministério, fará o caminho oposto, com agravantes: terá no gabinete a seu lado no Planalto alguém com peso político maior do que o seu, denunciado formalmente e com prisão preventiva pedida. 

Nenhum daqueles ministros demitidos estava tão perto do xadrez como Lula. Um erro triplo: moralmente reprovável, confissão de culpa da parte dele e resignação oficiosa por parte dela. Dilma sucumbiu ao papel de rainha da Inglaterra - sem, claro, o prestígio que Elizabeth tem perante seu povo. 

Sua expectativa é de que Lula consiga realinhar governo, PT e suas bases social e parlamentar, a fim de postergar ou contornar a queda oficial iminente. Mas a única certeza é que, nas ruas, eles e seu partido ficarão ainda mais isolados e rejeitados, o que, na prática, pode - e o que suspeito - catalisar o contrário do projetado. 

Vindo de Dilma, sempre, com razão, ciosa da imagem de mulher de fibra, e de Lula, inegavelmente craque no jogo de xadrez político, o arriscado movimento demonstra o quanto estão acuados e desesperados. Às favas o resto de discernimento. É a "bala de prata" petista.