Não, não é um protesto contra o fim da obrigatoriedade de diploma para exercer o jornalismo. Vejo, aliás, prós e contras na resolução do STF. A qualificação profissional se torna ainda mais necessária. Ser jornalista diplomado é orgulhosamente um diferencial. E o blog serve para exteriorizar algumas ideias, destacar notícias que me chamem a atenção e recordar matérias por mim assinadas (publicadas ou não).
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
A nova cara do Itamaraty
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
A nuvem 2010
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
O sujo falando do mal-lavado
Por Murillo Victorazzo
Na semana passada, os procuradores federais que movem ação de improbidade administrativa contra a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius , do PSDB, e outras oito pessoas envolvidas na fraude milionária do Detran (Departamento de Trânsito do Estado), classificaram o grupo como uma "quadrilha criminosa" na ação remetida à 3a Vara de Justiça de Santa Maria. O grupo teria desviado, entre 2003 e 2007, cerca de R$44 milhões dos cofres públicos.Em se tratando de um dos governadores mais importantes do PSDB, maior partido de oposição ao governo Lula, seria engraçado se não fosse trágico a semelhança com o termo utilizado pelo ex-procurador-geral da República Antônio Fernando de Souza na denúncia feita ao Supremo Tribunal Federal (STF), em 2007, sobre o mensalão petista. O procurador considerou o ex-ministro José Dirceu chefe de uma "poderosa organização criminosa" que envolvia 40 pessoas.
O STF aceitou a denúncia. Não se sabe ainda qual será o resultado da ação gaúcha. No caso do mensalão, o mandatário maior não foi citado; no esquema tucano dos pampas, a acusação bateu na cadeira principal do Palácio Piratini. De qualquer modo, às vésperas das eleições de 2010, os dois principais partidos do país se nivelam por baixo quando o assunto é ética.
Se não bastasse as semelhanças de políticas de governo, e alguns casos nebulosos da Era FHC, agora eles convergem ainda mais na arena da podridão. Eis o principal motivo por que alguns setores anseiam por uma terceira candidatura, oxigenada e que permita alguma esperança, que rompa com a polaridade Dilma - Serra.
terça-feira, 4 de agosto de 2009
A volta de um "morto" mais vivo do que o desejável
Quem assistiu pela TV Senado a todo o discurso de Simon assustou-se com a agressividade do ex-presidente com seu colega de Casa. Em momento algum, Simon xingou, acusou ou criticou-o. Apenas relembrava que o controverso Renan Calheiros participou da montagem de sua candidatura e de seu governo, assim como fez parte das bases de FHC e Lula. Uma citação histórica para ironizar o apego de Calheiros aos governos. Um fato inegável para quem foi líder do governo Collor, ministro da Justiça de FHC e figura central na relação do PMDB com o governo Lula Em reação desproporcional, Collor, com seu típico e nauseante olhar, verbalizou expressões pouco respeitosas apenas para aproveitar a chance de aparecer e de usar sua retórica batida de que foi vítima de "perseguição" da imprensa e de certos setores etc. Mandou Simon "engolir" e "digerir" suas palavras e, como fazem as raposas políticas, "ameaçou" revelar situações constrangedoras ao gaúcho. Quando estimulado por Simon a dizê-las, afirmou que não era o momento. Que as faria se continuasse a mencionar seu nome. Numa prova de que seu objetivo maior é ganhar visibilidade em sua tentativa de se passar por vítima de conspiração 17 anos atrás, gastou quase todo seu segundo aparte atacando a revista "Veja" e seus jornalistas, peças que iniciaram as acusações que desembocariam em seu impeachment. Repetindo a velha cantilena, acusou a "mídia" de querer "apear" Sarney da Presidência do Senado, do mesmo modo que fizera com ele. Fica-se imaginar como ele reagiria a quem de fato o criticasse. Ou se alguém o mandasse "engolir" algo! Ao eleito senador, em 2006, Collor dissera ter mudado. Teria aprendido a ser mais maleável e menos virulento. Contudo, parece que sua natureza falou mais alto, quando mais conveniente foi. O pior é que, infelizmente, há uma parcela da sociedade que aprecia políticos assim: que confundem autoridade com autoritarismo. Que pensam que parecerem ou se acharem ser mais homem que os outros é sinal de capacidade de comando. Ainda mais grave é alguns dizerem que Collor é "bandido pequeno" perto do que se vê no governo atual. E que, portanto, seria um injustiçado. Não é porque há assassinos soltos por aí que vamos inocentar os presos. Devemos lamentar e protestar as supostas acusações sobre o governo atual não votando nos que o sustenta - mas não recuperando aqueles que já foram testados e reprovados. O contexto atual é propício à banalização e à relativização de políticos condenados - política ou criminalmente. Um maniqueísmo pró-Collor seria certamente uma de suas piores consequências para a democracia do país.
sábado, 1 de agosto de 2009
Crítica plausível, argumento enviesado
Alguns analistas preferiram ver nesse questionamento mais um sinal da suposta hegemonia do pensamento petista no Itamaraty. Seria uma retórica atrasada oriunda do antiamericanismo típico de partidos esquerdistas ou nacionalistas. Uma prova da parcialidade petista para com o "socialismo do século XXI" de Hugo Chávez. É certo que uma postura mais firme sobre as armas encontradas com narco-guerrilha colombiana seria desejável. E é inegável também as boas relações históricas do partido governista com o mandatário venezuelano.
No entanto, no tocante ao posicionamento em relação à Colômbia, sua origem e causa vão bem além das motivações ideológicas. A presença militar norte-americana na América do Sul sempre causou arrepios nos meios militares e diplomáticos brasileiros, qualquer que fosse o governo.
O forte viés pluralista, no sentido vatteliano, de que as relações internacionais são baseadas em power politics e um jogo de soma zero, norteou o pensamento nacionalista de que os Estados Unidos tenderiam, mais dia menos dia, a intervir na Amazônia. Um pensamento que, embora muitas vezes beire a paranoia, é também difundido em toda sociedade. E cujos fortalecimento e raízes encontram-se no insulamento e organicidade do Itamaraty, a partir da década de 50, e na ditadura militar das décadas de 60, 70 e 80.