Não, não é um protesto contra o fim da obrigatoriedade de diploma para exercer o jornalismo. Vejo, aliás, prós e contras na resolução do STF. A qualificação profissional se torna ainda mais necessária. Ser jornalista diplomado é orgulhosamente um diferencial. E o blog serve para exteriorizar algumas ideias, destacar notícias que me chamem a atenção e recordar matérias por mim assinadas (publicadas ou não).
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Prêmio destaca o Rio como melhor destino da América do Sul (Amo muito tudo isso!)
domingo, 25 de outubro de 2009
Sobre as diferenças que igualam governo e oposição
Pelas companhias? Impossível. O líder do governo –qualquer governo— é o Romero Jucá. A governabilidade está sempre nas mãos do PMDB. Pelo discurso? Não dá. Todo mundo é a favor da felicidade, dos investimentos sociais e da estabilidade econômica. Todos contra a corrupção, o câncer e o chope quente.
Também não adianta recorrer a testes pseudocientíficos. Experimente atirar um governista e um oposicionista num tanque com água. A massa de ambos vai se deslocar no líquido de modo semelhante no líquido. Os dois vão espernear do mesmo jeito.
Graças a essa indistinção, soaram estranhas as críticas feitas pela oposição, nesta quinta (22), à entrevista que Lula deu ao repórter Kennedy Alencar. A certa altura da conversa, instado a comentar o laxismo ético da coalizão política que o cerca, Lula disse: "Se Jesus Cristo viesse para cá, e Judas tivesse a votação num partido qualquer, Jesus teria de chamar Judas para fazer coalizão".
Rodrigo Maia (RJ), presidente do DEM, disse que Lula conduz “um governo pragmático que, para garantir sua sustentação, faz aliança até com o pior traidor". Presidente do PPS, Roberto Freire (PE) ecoou Maia: "A comparação com Jesus Cristo e Judas, para quem é católico como ele e cristão, como boa parte da população brasileira, é uma violência...”
Violência “...para justificar todas as bandalheiras e traições que permitiu que se fizesse em seu governo”. Vice-líder do PSDB, Álvaro Dias também subiu no caixote: "Há uma relação de promiscuidade entre o presidente e os partidos que o apóiam”.
Beleza. O diabo é que FHC, assim como Lula, também se entregara, com despudor inaudito, às relações partidárias hetedodoxas. Nascido de uma dissidência supostamente ética, o PSDB contribuiu decisivamente para o esfarelamento moral que toma o país de assalto.
Nem nos seus piores pesadelos, os brasileiros esclarecidos supunham que FHC e suas alianças exóticas produziriam cenas como aquelas de abril de 2000. Uma imagem na qual ACM e Jader aparecem se xingando de ladrão no plenário do Senado. Àquela altura, os dois eram aliados de cinco anos do tucanato.
Do mesmo modo, a esquerda dita socialista jamais imaginara que Lula, seu melhor representante, fosse presidir uma aliança como a atual. Uma coligação que dá prontuário novo a Jader. E que santifica de Renan (ex-ministro de FHC), a Sarney, passando por Collor.
De duas uma: ou FHC e Lula não estiveram à altura das suas oportunidades ou os tempos não estiveram à altura dos dois. Nesse ambiente, caberia ao eleitor distinguir o Cristo do Judas. Mas 20 anos de democracia não conseguiram produzir no Brasil o eleitorado consciente. Por ora, o brasileiro frequenta o enredo da peça no papel de bobo necessário à preservação da pantomima.
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
O que explica Rio-2016? A vocação inata do Brasil para a felicidade
Existe outro elemento pouco destacado, que é a vocação inata do Brasil e dos brasileiros para a felicidade, que acaba se irradiando internacionalmente, contagiando o mundo. Se houvesse sido feita uma pesquisa nacional, teria aparecido que nesse dia 100% dos brasileiros se sentiram felizes quando o presidente do COI abriu o envelope e apareceu Rio de Janeiro como vencedora da competição para realizar os Jogos Olímpicos de 2016. Os brasileiros, que gozam de uma formidável coesão nacional, estão sempre abertos para acolher qualquer motivo para ser felizes. E abrigar os jogos lhes causou orgulho e felicidade. E não escondem isso - outra característica do brasileiro.
Em minha primeira entrevista com a atriz de cinema e teatro Fernanda Montenegro, quando cheguei ao Brasil, há dez anos, ela me disse algo que nunca esqueci e que mais tarde pude tocar com a mão: "A diferença entre um europeu e um brasileiro é que o brasileiro não se envergonha de dizer que é feliz, e o europeu, sim".
Qualquer um que passa pelo Brasil, por turismo ou trabalho, sente-se rapidamente capturado pela cordialidade, a exuberância afetiva, o acolhimento alegre de sua gente, do norte ao sul do país. "É que com os brasileiros não se pode brigar, porque sorriem até quando você fica nervoso", me disse um correspondente argentino. É verdade. A vocação do brasileiro é mais para a paz, a amizade, o entendimento mútuo, o desejo de agradar, do que para a guerra ou a disputa. E então, o que acontece com a violência que mata no Brasil mais que em outros países? Não é uma violência brasileira, mas produzida pelo câncer do tráfico de drogas.
A melhor arma do brasileiro continua sendo o sorriso. O catedrático de estética da Universidade do Rio Isaías Latuf foi indagado em plena na rua em Buenos Aires se era brasileiro. "Como percebeu?", ele perguntou. E a resposta foi: "Por seu sorriso".
Segundo uma pesquisa realizada em 2008 em 120 países pelo Instituto Gallup e apresentado pela Fundação Getúlio Vargas, a felicidade do brasileiro é superior a seu PIB. O jovem brasileiro aparece com uma avaliação da felicidade superior à média mundial. O estudo revela que os jovens brasileiros entre 15 e 29 anos apresentam maior esperança de ser felizes nos próximos cinco anos do que os jovens do resto do mundo. E essa esperança de felicidade alcança 9,29%.
Os psicólogos tentaram analisar esses dados. Como é possível que os jovens de um país que aparece somente no 52º lugar no índice mundial de renda se sintam os mais felizes do planeta? O psicólogo Dionisio Benaszewski atribui isso ao fato de que, segundo a mesma pesquisa, os jovens brasileiros valorizam mais a felicidade do que o trabalho ou o dinheiro. Se há algo que de fato eu constatei no Brasil é que a maioria dos cidadãos, até os mais pobres, não vivem para trabalhar; trabalham para viver e para viver felizes. É quase impossível conseguir que alguém queira trabalhar em um domingo, mesmo ganhando o dobro. Costumam dizer: "Ah, não, domingo não dá".
Segundo Benaszewski, existe outro elemento gerador de felicidade no Brasil, que é causado pelas boas relações existentes entre membros da família e entre vizinhos. Aqui a rede de solidariedade, sobretudo entre os mais pobres, é formidável. Um exemplo disso são as favelas do Rio, que entre elas se chamam de "comunidades". E o são. O elemento afeto nas relações e o afã por ajudar-se mutuamente nas adversidades, ou de desfrutar os momentos felizes, são proverbiais.
Costuma-se dizer que os brasileiros sabem tirar felicidade até das pedras. Eles a buscam na alegria e na tristeza. No dia em que o Rio ganhou como sede dos Jogos Olímpicos, um casal de jovens brasileiros entrevistado em Madri por um repórter do programa de Iñaki Gabilondo disse algo mais ou menos assim: "Não fiquem tristes. Venham para o Rio, que é uma cidade maravilhosa, que se sentirão felizes". Pensei que, se tivesse sido o contrário, se Madri tivesse ganhado e o Rio, perdido, a jovem também teria se consolado de alguma forma, dizendo que estava feliz na maravilhosa cidade de Madri.
Assim são os brasileiros. São mergulhadores no mar da felicidade e, como não escondem isso, acabam contagiando os outros. Sem dúvida esse contágio também teve a ver na hora da votação em Copenhague.
Maradona e seu "divino" baixo nível
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
O futuro do Mercosul
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
Uma luz no fim do túnel rubro-negro? A conferir...
sábado, 3 de outubro de 2009
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
Diplomacia não é Fla X Flu
Parece que misturar duas situações distintas, embora relacionadas entre si, é algo bem tentador nas discussões sobre a crise diplomática em Honduras. Para mim, está bem claro que houve lá um golpe. E o golpe se fez pelo método truculento de expulsar um cidadão hondurenho do seu país, algo proibido também pela Constituição, e pela ausência de direito de defesa.
Não sou advogado, mas se a "prisão", feita numa madrugada, por militares mascarados que, após invadirem o palácio presidencial, mantiveram o acusado sob fuzil e de pijama até sua deportação, foi "preventiva", o mínimo exigido para um Estado democrático de Direito, seria que ele ficasse preso no país, com direito de se defender dos supostos crimes.
Com a humildade de quem é apenas recém pós-graduado em Relações Internacionais, sem ter a eloquência da certeza, parece que Brasil deu uma derrapada desnecessária e perigosa na sua posição, até então - aí sim - seguramente certa, de liderar o repúdio ao golpe.
Era de se esperar que a imprensa brasileira se baseasse num certo tipo de disputa entre "chavismo" e "anti-chavismo". É lamentável, porém, que importantes órgãos tenham nesse foco parado, sem analisar o conflito profundamente. Tal superficialidade faz aparentar que apenas Brasil, Venezuela, Bolívia, Equador condenaram o golpe e pedem a volta de Zelaya ao poder. O governo Micheletti não é reconhecido por nenhum ator do cenário internacional!
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
Governo de Honduras é golpista e não interino, dizem especialistas
A administração liderada por Roberto Micheletti afirma que Zelaya está sujeito a ser preso se deixar a Embaixada do Brasil por ter violado a 4ª Cláusula da Constituição hondurenha, segundo a qual tentativas de mudar a Carta implicam perda imediata do cargo público. Os golpistas acusam o presidente deposto de abuso de poder e de traição à pátria.
Para os analistas, ainda que Zelaya tenha tentado promover um referendo para mudar a Constituição hondurenha, nada nela prevê que o mandatário seria expulso do país, o que reforça os contornos de golpe de Estado na ação promovida pelo grupo de Micheletti. Além disso, dizem eles, pesa contra o regime de Tegucigalpa a ausência de reconhecimento não apenas por outros países, mas também pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Organização dos Estados Americanos (OEA).
Os especialistas ouvidos foram unânimes ao considerar que chamar o governo de Micheletti de interino seria uma concessão a uma gestão com traços autoritários - inclusive com suspensão de direitos constitucionais e censura à imprensa - e que carece de respaldo globalmente. Nenhum governo do mundo até o momento reconheceu o regime estabelecido em Tegucigalpa após a deposição de Zelaya, que desde a semana passada está abrigado na Embaixada do Brasil na capital do país.
"Honduras faz parte da Convenção Americana dos Direitos Humanos e ali está claro que em todo processo legal deve haver direito ao contraditório. Mesmo uma pessoa acusada de um crime tem o direito de defesa. Isso não foi observado e diante de uma suposta violação decidiu-se simplesmente tirar o presidente do país e instituir outro regime. Isso permite dizer que há lá um governo golpista", afirmou Pedro Dallari, professor de Direito Internacional da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).
Especialista em questões latino-americanas, o venezuelano Rafael Villa diz que a administração de Micheletti não pode ser chamada de ditadura porque mal acabou de se instalar no poder, mas afirma que se trata de um governo golpista, que também pode ser chamado de regime de fato. "A linha divisória entre governo de fato e governo golpista não existe. Ambos emergem fora das regras estabelecidas e que dão legitimidade. Ambos supõem governo fora de legalidade e carentes de legitimidade. É esse o caso de Honduras", afirmou.
O professor da USP diz que a falta de reconhecimento internacional é um grande elemento que reforça o caráter golpista do grupo hondurenho. Ele lembrou a situação do Haiti, que afastou o então presidente Jean-Bertrand Aristide em meio a uma revolta popular e o isolou na África do Sul, em 2004. Depois de chegar ao continente africano, ele alegou que não tinha renunciado e que os Estados Unidos o tinham sequestrado.
"No caso do Haiti houve uma espécie de acordo entre países da comunidade internacional, um reconhecimento da situação de fato que se deu contra Aristide. Enquanto no caso do governo golpista de Honduras, em maior ou menor intensidade há apenas condenação. Tanto é que o governo golpista está desamparado nessa crise e está tomando medidas que reforçam esse caráter, como impedir a entrada de diplomatas da Organização dos Estados Americanos (OEA). Não é possível chamar de interino um governo que não aceita organizações internacionais", disse.
Para Gilberto Safatli, professor das Faculdades Rio Branco e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o momento decisivo para o regime de Micheletti ganhar a alcunha de golpista é o sequestro de Zelaya e sua retirada do país. "Qualquer legitimidade foi perdida aí. Se o presidente estava aprontando e havia uma previsão institucional de que poderia perder o cargo se tentasse violar a Carta Magna, poderia haver alguma legitimação. Mas o que aconteceu não foi isso, foi uma remoção forçosa do poder. Isso só pode ter o nome de golpe de Estado", afirmou.
Além disso, diz o professor, se a Constituição hondurenha previsse todos esses passos - incluindo a expulsão de Zelaya do país - haveria mais justificativa para o afastamento de Zelaya do poder. Como isso não existe no texto, a ordem institucional de Honduras foi rompida. "Na Turquia a Constituição prevê que se um partido muçulmano chegar ao poder e quiser aplicar algo da sharia [lei islâmica] pode ser removido. Isso aconteceu em 1997, os militares governaram um ano até chegarem as eleições. O movimento que aos nossos olhos ocidentais se assemelha a um golpe foi considerado legítimo, porque a ordem institucional foi mantida. Não foi o caso de Honduras", completou.
sábado, 19 de setembro de 2009
Anfíbios" transitam entre petistas e tucanos
Como anfíbios, transitam de um círculo de confiança a outro com desenvoltura, na maioria das vezes com o conhecimento dos dois líderes políticos.Fazem parte desse grupo, entre outros, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, o deputado federal petista Antonio Palocci e o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luciano Coutinho, além do economista Luiz Gonzaga Belluzzo e do advogado petista Sigmaringa Seixas.
Na maioria dos casos, essa habilidade resulta de relações antigas de amizade. Em outros, de necessidades recentes. Jobim é o expoente máximo desse grupo. Ele e Serra dividiram um apartamento em Brasília por seis anos, nos anos 80. O governador de São Paulo é seu padrinho de casamento. As conversas entre Serra e Jobim vão da crise aérea ao modelo de exploração das reservas do pré-sal -a relação entre ambos foi determinante para que o governo desistisse de incluir no projeto sobre o tema a redistribuição geográfica dos royalties.
Consultado pela Folha, Jobim enviou a seguinte resposta: "Eu não misturo política com relações pessoais. Serra é um grande amigo. É um hábito sul-americano misturar política com relações pessoais. Pois eu tanto converso com Lula como janto com Serra".
Se Jobim é o anfíbio mais tradicional, Palocci é o mais novo integrante desse grupo. Ele se aproximou de Serra quando, ministro da Fazenda, cercou-se de pessoas mais alinhadas ao viés técnico tucano que ao instinto político petista. Mas só ingressou mesmo no rol de confidentes de Serra no último ano, durante o esforço que fez para se livrar da acusação de orquestrar a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa.
Serra e Palocci conversam regularmente sobre os mais variados assuntos, do cenário eleitoral ao "excesso" de gastos públicos, passando pelo papel dos bancos públicos. Dessas conversas, por exemplo, Serra tirou a impressão, relatada posteriormente a correligionários, de que Palocci não será candidato à Presidência nem ao governo de São Paulo. Serra teria encorajado Palocci a voltar ao governo, talvez para o Ministério das Relações Institucionais, ocupado até a semana passada por José Múcio Monteiro, indicado para o Tribunal de Contas da União. Seria uma maneira, segundo o governador, de impedir um processo de deterioração administrativa, comum a governos em final de mandato. Reticente, Palocci disse estar propenso a buscar a reeleição.
Ex-tucano, o petista Sigmaringa Seixas é o anfíbio mais discreto. Lula o recebe para consultas relacionadas a nomeações de tribunais e ao Ministério da Justiça. Muitas vezes, a pedido do presidente, Seixas testa a reação dos tucanos a decisões que o governo pretende tomar.Seixas disse à Folha não ver nenhuma contradição entre ser tão próximo de Lula como de Serra, ao menos no campo da amizade, mas não da fidelidade política. "Não é motivo de preocupação. A capacidade de relacionar-me com ambos é usada para o bem do país."
Já a ligação entre Serra, Belluzzo e Coutinho data dos anos 70, quando os três foram expoentes da safra de economistas desenvolvimentistas que prosperou na Unicamp e consolidou uma das principais escolas do pensamento econômico brasileiro. Eles são críticos da política monetária tocada pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e partilham de opiniões semelhantes sobre o papel do Estado na crise.
Belluzzo tornou-se um dos mais próximos colaboradores econômicos de Lula, mas não perdeu a intimidade com Serra, com quem assiste regularmente aos jogos do Palmeiras, clube que Belluzzo hoje preside.Em mais de uma ocasião, Belluzzo conversou com Lula ao celular estando, no estádio do Parque Antártica, a alguns metros do governador paulista.
Para o cientista político Fábio Wanderley Reis, professor emérito da UFMG, os anfíbios não são apenas produto de amizade antiga ou de alguma tradição brasileira à conciliação permanente.Eles refletiriam também a convicção social-democrata que une o PSDB à vertente do próprio governo Lula."A trajetória do governo Lula é de moderação e de realismo", disse ele. "Não há muita diferença entre isso e o compromisso fundamental do PSDB."
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
Uma nação à procura de esperança
Enquanto o Messias não vem, urge o aparecimento de um nome que dê os primeiros passos para o reerguimento do mais querido do Brasil. Sem deixar de ressaltar, porém, que, acima de pessoas, um novo modelo de gerenciamento profissional é necessário. Sem isso, nem o Galinho dará jeito. Embora o provável seja que os conchavos rolem solto na Gávea até dezembro, mês das eleições no clube, e o número de candidatos diminuia, a escolha para o próximo triênio não deve fugir dos nomes colocados até aqui.
Na última terça-feira, dia 15, duas candidaturas foram lançadas: o atual presidente, Delair Drumbovisck, e a ex-vice-presidente de Esportes Olímpicos, a famosa ex-nadadora Patrícia Amorim. Dizem estar no páreo também o advogado Clóvis Sahione, o vice-presidente de Futebol da Era Kleber Leite, Plínio Serpa Pinto, e o publicitário João Henrique Areias.
Em meio a uma gigantesca crise, o Flamengo é hoje uma caricatura deformada da democracia. É a distorção do que deveria ser um clube com vida política democrática. Há muito cacique para pouco índio, com os primeiros sempre se articulando entre si, em meio a conchavos que permitem cada grupo ficar se alternando na presidência.
Cada grupo é liderado por um ou mais ex-presidentes que, querendo ou não, deixaram suas marcas no descalabro rubro-negros. Em maior ou menor grau, todos que passaram por lá, desde meados da década de 80 têm sua culpa. De George Helal a Marcio Braga - especialmente este, que ocupou o cargo por cinco vezes - passando por Luis Veloso, Kleber Leite e o famigerado Edmundo Santos Silva.
É esse o quadro que dá a qualquer rubro-negro verdadeiro um gosto de impotência e desesperança mesmo quando um processo eleitoral se inicia. Nomes antigos ou novos mas com fortes vínculos com responsáveis por tudo que se encontra na Gávea de ruim juntam-se a outros com prestígio profissional mas pouco inspirador de confiança.
Por seu passado de ótima atleta vestindo o manto sagrado nas piscinas, Patrícia despontaria como o nome mais palatável. Condição que se desfez um pouco após turbulenta passagem pela vice-presidência olímpica do clube e declarações sobre profissionalização da gestão esportiva “sem criação de empresa ou vender o clube”. Talvez não seja, mas parece discurso de quem tem medo de enfrentar sérios tabus de frente.
À primeira vista, Areias, com sua mentalidade mais moderna - fato provado em sua gestão mais profissional e inovadora no breve periódo como responsável pelo basquete bicampeão brasileiro e da Liga Sul-Americana - parece fugir do status quo dominante. É, contudo, até agora, um nome não suficientemente conhecido para a empolgar os rubro-negros mais ansiosos. E, pior, sua força eleitoral interna é aparentemente insuficiente para se tornar uma alternativa concretamente viável - talvez nem ao dia da eleição chegue. Sua história no Flamengo - como torcedor, frequentador ou atleta -, aliás, é parca.
De qualquer modo, ambos os nomes são, até aqui, os únicos que poderiam causar espasmos de oxigenação nos ares da Gávea. Não bastasse rezar para o padroeiro rubro-negro, Saõ Judas Tadeu, melhor também dar um pouco de atenção a São Tomé e ver para crer...
terça-feira, 15 de setembro de 2009
Made in Brasil
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Moscou lança campanha para restaurar os valores soviéticos
Essa atitude, segundo alguns especialistas, simboliza os planos do Kremlin para restaurar os valores soviéticos. A defesa exagerada do que é russo às vezes leva Moscou a tentar justificar o injustificável. Chega-se ao extremo de que o serviço federal de espionagem exterior publique documentos secretos que teoricamente demonstram que havia motivos para elogiar Stalin por assinar em 1939 o pacto Molotov-Ribbentrop - pelo qual a Alemanha e a Rússia dividiram a Polônia, e Moscou obteve luz verde para se apoderar dos países bálticos -, porque era "a única medida acessível de autodefesa". Especialistas como Alexandr Shubin argumentam que se trata de uma mentira, pois em 1939 a Alemanha não pensava em atacar a União Soviética.
Outro exemplo é o documentário transmitido pela televisão estatal há alguns dias, no âmbito do 70º aniversário da invasão da Polônia pela Alemanha, no qual se afirmava que Varsóvia tinha se aliado com Hitler para atacar a União Soviética. Esse programa de televisão foi objeto de uma queixa formal por parte do governo polonês. Um livro escolar que será estudado na Rússia neste semestre também se enquadra na tendência de encobrir os crimes de Stalin.
Nesta mesma semana Medvedev voltou a protestar durante uma entrevista na televisão pelo fato de que "os países da Europa literalmente puseram em um mesmo nível e tornaram a Alemanha fascista e a União Soviética, na mesma medida, responsáveis pela Segunda Guerra Mundial". "Mas isso é simplesmente uma cínica mentira", ressaltou. Para Medvedev, trata-se de determinar "quem começou a guerra, quem matava e quem salvava gente, milhões de vidas, quem em última instância salvou a Europa".
A Rússia não entende que não se trata de justificar Hitler. Na Alemanha, a ideologia nazista foi condenada e proibida e se pediu perdão pelos crimes cometidos. Na Rússia, a ideologia stalinista não foi condenada nem proibida pelo regime Putin-Medvedev - mais ainda, alguns veem hoje um ressurgimento de Stalin - e os governantes russos não gostam de admitir os numerosos crimes que foram cometidos nessa época, incluindo os milhões de soviéticos que morreram.
Se é difícil pedir perdão pelo que Stalin fez a seu próprio povo, mais ainda é falar do que ele fez a outros: a invasão da Polônia - incluindo o negro episódio do massacre de Katyn (a execução de 20 mil soldados poloneses que tinham caído prisioneiros do exército soviético) - e a deportação para a Sibéria de milhares de habitantes dos países bálticos.
Segundo o especialista Shubin, o problema está "na mudança produzida na opinião pública como resposta ao anticomunismo primitivo" da época de Boris Ieltsin. Essa reação foi multiplicada graças à nova exaltação do Estado, e o resultado foi que se tornaram muito populares as idéias obscurantistas que o regime de Stalin divulgava. Por isso alguns temem que em breve a figura do ditador esteja definitivamente reabilitada.
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
A nova cara do Itamaraty
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
A nuvem 2010
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
O sujo falando do mal-lavado
Por Murillo Victorazzo
Na semana passada, os procuradores federais que movem ação de improbidade administrativa contra a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius , do PSDB, e outras oito pessoas envolvidas na fraude milionária do Detran (Departamento de Trânsito do Estado), classificaram o grupo como uma "quadrilha criminosa" na ação remetida à 3a Vara de Justiça de Santa Maria. O grupo teria desviado, entre 2003 e 2007, cerca de R$44 milhões dos cofres públicos.Em se tratando de um dos governadores mais importantes do PSDB, maior partido de oposição ao governo Lula, seria engraçado se não fosse trágico a semelhança com o termo utilizado pelo ex-procurador-geral da República Antônio Fernando de Souza na denúncia feita ao Supremo Tribunal Federal (STF), em 2007, sobre o mensalão petista. O procurador considerou o ex-ministro José Dirceu chefe de uma "poderosa organização criminosa" que envolvia 40 pessoas.
O STF aceitou a denúncia. Não se sabe ainda qual será o resultado da ação gaúcha. No caso do mensalão, o mandatário maior não foi citado; no esquema tucano dos pampas, a acusação bateu na cadeira principal do Palácio Piratini. De qualquer modo, às vésperas das eleições de 2010, os dois principais partidos do país se nivelam por baixo quando o assunto é ética.
Se não bastasse as semelhanças de políticas de governo, e alguns casos nebulosos da Era FHC, agora eles convergem ainda mais na arena da podridão. Eis o principal motivo por que alguns setores anseiam por uma terceira candidatura, oxigenada e que permita alguma esperança, que rompa com a polaridade Dilma - Serra.
terça-feira, 4 de agosto de 2009
A volta de um "morto" mais vivo do que o desejável
Quem assistiu pela TV Senado a todo o discurso de Simon assustou-se com a agressividade do ex-presidente com seu colega de Casa. Em momento algum, Simon xingou, acusou ou criticou-o. Apenas relembrava que o controverso Renan Calheiros participou da montagem de sua candidatura e de seu governo, assim como fez parte das bases de FHC e Lula. Uma citação histórica para ironizar o apego de Calheiros aos governos. Um fato inegável para quem foi líder do governo Collor, ministro da Justiça de FHC e figura central na relação do PMDB com o governo Lula Em reação desproporcional, Collor, com seu típico e nauseante olhar, verbalizou expressões pouco respeitosas apenas para aproveitar a chance de aparecer e de usar sua retórica batida de que foi vítima de "perseguição" da imprensa e de certos setores etc. Mandou Simon "engolir" e "digerir" suas palavras e, como fazem as raposas políticas, "ameaçou" revelar situações constrangedoras ao gaúcho. Quando estimulado por Simon a dizê-las, afirmou que não era o momento. Que as faria se continuasse a mencionar seu nome. Numa prova de que seu objetivo maior é ganhar visibilidade em sua tentativa de se passar por vítima de conspiração 17 anos atrás, gastou quase todo seu segundo aparte atacando a revista "Veja" e seus jornalistas, peças que iniciaram as acusações que desembocariam em seu impeachment. Repetindo a velha cantilena, acusou a "mídia" de querer "apear" Sarney da Presidência do Senado, do mesmo modo que fizera com ele. Fica-se imaginar como ele reagiria a quem de fato o criticasse. Ou se alguém o mandasse "engolir" algo! Ao eleito senador, em 2006, Collor dissera ter mudado. Teria aprendido a ser mais maleável e menos virulento. Contudo, parece que sua natureza falou mais alto, quando mais conveniente foi. O pior é que, infelizmente, há uma parcela da sociedade que aprecia políticos assim: que confundem autoridade com autoritarismo. Que pensam que parecerem ou se acharem ser mais homem que os outros é sinal de capacidade de comando. Ainda mais grave é alguns dizerem que Collor é "bandido pequeno" perto do que se vê no governo atual. E que, portanto, seria um injustiçado. Não é porque há assassinos soltos por aí que vamos inocentar os presos. Devemos lamentar e protestar as supostas acusações sobre o governo atual não votando nos que o sustenta - mas não recuperando aqueles que já foram testados e reprovados. O contexto atual é propício à banalização e à relativização de políticos condenados - política ou criminalmente. Um maniqueísmo pró-Collor seria certamente uma de suas piores consequências para a democracia do país.
sábado, 1 de agosto de 2009
Crítica plausível, argumento enviesado
Alguns analistas preferiram ver nesse questionamento mais um sinal da suposta hegemonia do pensamento petista no Itamaraty. Seria uma retórica atrasada oriunda do antiamericanismo típico de partidos esquerdistas ou nacionalistas. Uma prova da parcialidade petista para com o "socialismo do século XXI" de Hugo Chávez. É certo que uma postura mais firme sobre as armas encontradas com narco-guerrilha colombiana seria desejável. E é inegável também as boas relações históricas do partido governista com o mandatário venezuelano.
No entanto, no tocante ao posicionamento em relação à Colômbia, sua origem e causa vão bem além das motivações ideológicas. A presença militar norte-americana na América do Sul sempre causou arrepios nos meios militares e diplomáticos brasileiros, qualquer que fosse o governo.
O forte viés pluralista, no sentido vatteliano, de que as relações internacionais são baseadas em power politics e um jogo de soma zero, norteou o pensamento nacionalista de que os Estados Unidos tenderiam, mais dia menos dia, a intervir na Amazônia. Um pensamento que, embora muitas vezes beire a paranoia, é também difundido em toda sociedade. E cujos fortalecimento e raízes encontram-se no insulamento e organicidade do Itamaraty, a partir da década de 50, e na ditadura militar das décadas de 60, 70 e 80.
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Com emoção e saudades, o fim de um tabu
quinta-feira, 23 de julho de 2009
Quando o fotojornalismo diz tudo...
Por dentro do judô brasileiro e cubano
Para a medalhista de ouro cubana na categoria ate 48 kg, Yanet Bermoy, o segredo do sucesso de Cuba é muito treinamento e disciplina. Yanet acrescenta que o judô para os cubanos serve também para extravasar as dificuldades do dia a dia. "Nós treinamos muito todos os dias. Perseguimos sempre nossos objetivos. Além disso, o judô é um meio de esquecermos os problemas do lado de fora", conta ela.
O brio e a forca física dos cubanos são outros diferenciais levantados pelos adversários. A medalhista de prata brasileira Daniela Polzin, também da categoria ate 48 kg, conta que a maior virtude do judô de Cuba é a fibra com que lutam. "Elas são muito aguerridas. Lutam com muita pegada e atacam toda hora. Hoje, para nós, brasileiros, não há mais dificuldade técnica, mas ainda esbarramos no aspecto físico", explica Daniela.
Opinião semelhante tem o argentino Miguel Albarracin, campeão da categoria ate 60kg. Usando como exemplo os atletas que subiram ao pódio com ele, o cubano Yosmani Pike, prata, e o brasileiro Alexandre Lee, bronze, Miguel ressalta a forca mental e física dos atletas de Cuba. "Pike, por exemplo, tem uma resistência física muito forte. Lee é muito técnico, com muitos deslocamentos que resultam em pontos", afirma Miguel.
Polzin, no entanto, faz questão de frisar que a escola brasileira é eclética, com atletas de diversos estilos - seja o japonês, com um judô mais limpo, ou do leste europeu, com mais pegada. "Conseguimos mesclar as escolas. Os judocas brasileiros estão se adaptando a todos os tipos ", diz ela, admitindo a disputa com Cuba para ser o melhor judô do continente: "Já tem um tempo que os cubanos são os nossos grandes rivais no dojô".
O treinador da equipe masculina de judô de Cuba, Justo Barreto, faz coro com a brasileira. Ele considera os judocas brasileiros os mais difíceis de vencer: "Os brasileiros têm uma ótima escola. Creio que, junto com Cuba, é o melhor judô das Américas".
A americana Jeanette Rodriguez, bronze na mesma categoria que Daniela e Yanet, concorda com os cubanos e brasileiros, mas assegura que o judô americano está crescendo, como podem mostrar os resultados do RIO 2007. "Temos pesquisado as escolas de outros paises, como Cuba e Brasil. Nosso nível técnico, nossa maneira de pegar, tem melhorado a cada ano, com mais competições e treinamento. O judô como um todo esta crescendo nos Estados Unidos", assegura Jeanette.
terça-feira, 21 de julho de 2009
Democracia pode parecer piada. Mas não é. Que o digam os americanos
Não são poucos os que, ao irem a Nova York, já viram na Times Square, no centro de Manhatan, aquele "Naked Cowboy" com seu violão tirando fotos com turistas. Vestido com chapéu e botas brancas, usando apenas uma cueca, Robert Burck tornou-se uma figura turística da cidade. Já chegou, inclusive, a sair em fotos e filmes pelo mundo todo. Nesta terça-feira, 21, segundo o site UOL Tablóide, o cowboy loirão, de 38 anos, anunciou sua candidatura à Prefeitura da "Big Apple".
No Brasil, muitos políticos ou candidatos entraram para história por seus exotismos. Uma candidatura similar a essa, por sinal, motivaria muitos a dizerem: "Este país não é sério, mesmo". Por sua origem, seus vestuários ou formação, boa parcela da sociedade os vê como sinal da avacalhação da política nacional. Seria uma triste especificidade nossa. Não é.
Um país como os Estados Unidos, cujo um dos presidentes mais marcantes e populares era um ator de segunda categoria de Hollywood, tal anúncio não chega a ser visto como escárnio. Tida como exemplo de democracia historicamente estável, o Tio Sam sabe que qualquer cidadão tem o direito de se candidatar ao cargo que desejar.
Para ser um bom político, não é necessário ser um gerente. Liderança, sensibilidade política e capacidade de se cercar por bons auxiliares não são necessariamente adquirida nos bancos universitários. Nem vocabulários e ternos bonitos significam competência.
O "Naked Cowboy", certamente, não será levado a sério nem é páreo em uma disputa cujo favorito é o atual prefeito, o milionário Michael Bloomberg. Tampouco aqui se pretende considerá-lo assim. Certamente será motivo de piadas. E piadas fazem bem à política, o que é bem diferente de levar a política como piada.
Provavelmente, porém, os norte-americanos não o verão como sinal de uma suposta decadência de sua democracia. Salvo os donos de mentalidade obtusa, achincalarão o candidato, mas não o regime e suas instituições. O complexo de vira-latas não tem espaço por lá. Eles entendem melhor a essência da democracia - com seus defeitos e virtudes. Sabem que, como dizia Winston Churchill, a democracia é o pior dos regimes, exceto os outros.
domingo, 19 de julho de 2009
Nas calçadas, a cultura popular
Para aumentar a galeria de homenageados, até o fim do ano o Morro da Mangueira ganhará uma estátua de Cartola, com 500 quilos e a mesma altura de Braguinha. O fundador da mais tradicional escola de samba carioca estará para sempre sentado em uma pedra que representa o morro. “Resgatar ícones dessa envergadura por meio das artes plásticas é criar empatia com a massa”, afirma o artista plástico Otto Dumovich, que esculpiu Cartola e Braguinha. Ele também é o autor da réplica de Pixinguinha instalada na travessa do Ouvidor. Inaugurada para celebrar o centenário de nascimento do compositor, a obra que retrata o autor de Carinhoso tocando saxofone é uma exceção entre as outras de Dumovich por estar num pedestal.
O artista plástico paraibano Joás Pereira, que esculpiu a estátua de Noel Rosa, retratou em dezembro do ano passado o escritor Otto Lara Resende em pé, lendo ao lado de uma mesa, no largo que leva seu nome no bairro do Jardim Botânico. Dois meses antes, como parte dos festejos pelo centenário de nascimento de Carlos Drummond de Andrade, o artista plástico mineiro Leo Santana fixou a réplica em tamanho natural do poeta em um banco no trecho da praia que ele costumava frequentar.
A moda das estátuas também chegou a Búzios, na região dos Lagos. Para inaugurar a recuperação da orla central do balneário mais badalado do País, na praia da Armação, há pouco mais de dois anos foi instalada uma réplica da atriz Brigitte Bardot. A partir de uma foto da época em que a estrela pisou em Búzios, nos anos 60, a escultora Cristina Motta, a pedido da prefeitura, reproduziu um dos maiores símbolos sexuais da história do cinema. “A estátua tornou-se um marco para a cidade. Nada mais justo, pois foi ela quem tornou Búzios famosa no mundo”, diz Isac Tillinger, secretário municipal de Turismo.
Guanabara: beleza e poluição
Heroína colombiana (a boa)
Um sinal da popularidade da atleta na Colômbia foi o telefonema do presidente Álvaro Uribe, durante a entrevista coletiva após a entrega da medalha. "Ele me deu parabéns por estar dando esta felicidade ao nosso país e disse que os colombianos estão me esperando de braços abertos", contou. Com 18 anos e em seus primeiros Jogos, a medalhista de bronze da prova, Dalila Rodriguez, é outra que admira Maria Luiza ."É uma honra poder subir ao pódio com ela. Maria é um exemplo", diz a cubana. Casada e formada em administração de empresas agropecuárias, Maria Luiza treina ciclismo há dez anos no Velódromo Martin Emilio Rodrigues, de Medellin, sua cidade natal. Ela conta que começou a praticar o esporte incentivada pelo pai. "Eu e meu pai gostávamos de correr de bicicleta. Ele me estimulou, e eu comecei a levar a sério", diz. O semblante sereno na conquista do ouro é o mesmo que teve no momento angustiante por qual passou. Quem confirma esta característica da ciclista é Jose Julian Velasquez, seu treinador, presente em todas essas conquistas e no susto do suposto doping."Maria Luiza é muito tranqüila. E foi com a tranquilidade de quem tinha certeza de que não havia feito nada errado que ela lutou até recuperar sua medalha olímpica", conta ele, revelando o segredo do sucesso da colombiana: "Ela é muito profissional e ama o ciclismo, além de ter uma força mental e física impressionante".
quarta-feira, 15 de julho de 2009
Vácuo no jornalismo brasileiro
Decisão do STF causa indefinição sobre registro profissional de jornalistas
Por Daniella Dolme (do site Última Instância, 15/07/2009)
Há quase um mês, o STF (Supremo Tribunal Federal) acabou definitivamente com a obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão. No entanto, acabou criando uma indefinição que ainda não foi esclarecida: se o registro profissional no Ministério do Trabalho, o Mtb, ainda é necessário.
De acordo com a assessoria de imprensa do Ministério do Trabalho, a decisão dos ministros ainda está sendo analisada para que se verifiquem os possíveis desdobramentos que ela irá acarretar ao registro —como ele será empregado e quais serão as mudanças. Enquanto isso, não haverá um pronunciamento oficial a respeito do assunto.
Como a decisão do Supremo ainda não foi publicada no Diário Oficial, não existe comunicado do Ministério do Trabalho sobre o assunto. O Ministério do Trabalho informa que, desde a decisão do Supremo, os profissionais que possuem diploma conseguem o registro. Mas, os que não são formados e eventualmente solicitarem o Mtb, terão o pedido suspenso enquanto aguarda-se a definição sobre qual diretriz será seguida.
A assessoria de imprensa do STF informou que ainda não tem data prevista para que a decisão seja publicada. Os votos dos ministros serão publicados no site do Supremo, assim que forem entregues. Até agora, somente dois foram encaminhados: do ministro Cezar Peluso e de Carlos Ayres Britto.
Para o advogado João Piza, especialista em direito público e ex-presidente da seccional paulista da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), com o novo entendimento votado no Supremo não é preciso comprovar “absolutamente nada” para ser um profissional da imprensa. “Passou na rua, quer ser jornalista, a rigor não há nem a exigência de qualquer curso superior, aliás, nem de curso primário”, enfatiza.
Entretanto, para a advogada cível do jornal Folha de S.Paulo, Taís Gasparian, a decisão, na prática, não vai alterar o cenário atual. Segundo ela, há dois anos e meio já estava sendo levada em conta uma liminar que permitiu a contratação de jornalistas que não tenham diploma e, portanto, o Mtb já não era exigido.
Sendo assim, Taís afirma que fica a critério da empresa contratante decidir a exigência do diploma ou não para selecionar o profissional que fará parte da equipe. “Para você exercer o cargo de administração de empresas, você não precisa ser necessariamente administrador, você pode ser advogado, médico, pode ser o que for. Depende do que interessa para a empresa que está contratando”, exemplifica a advogada.
Procurado pela reportagem de Última Instância, o advogado do jornal O Estado de S. Paulo, Manoel Alceu, preferiu não se pronunciar a respeito do assunto enquanto não sair o acórdão e não forem definidas, em reuniões internas, o posicionamento do veículo.
Alvo de críticas e elogios, a decisão do Supremo ainda gera dúvidas e incertezas para os profissionais que já atuam na área e para os estudantes prestes a ingressar no mercado de trabalho. O advogado e mestre em filosofia do direito João Ibaixe Jr classifica a não exigência do diploma como uma “lacuna do direito”. “É quando uma determinada norma não trata de um determinado problema social e fica um espaço vazio, um vácuo, como, por exemplo, ocorreu também com a revogação da Lei de Imprensa e agora nessa questão do diploma”, explica.
Já o advogado João Piza, que defendeu a obrigatoriedade do diploma no Supremo, analisa que a decisão vem em desfavor da profissão de jornalista. “Ela confunde liberdade profissional e liberdade de imprensa com pré-requisito de conhecimento técnico para exercício profissional”, diz.
Para ele, que fez a sustentação oral na Corte pela Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), o único benefício restringe-se aos donos de empresas de telecomunicações, que agora não precisarão “negociar e pagar salários de um profissional preparado especificamente para exercer a profissão de jornalista”.
terça-feira, 14 de julho de 2009
Vive la France: uma relação que dá samba?
segunda-feira, 13 de julho de 2009
Talese e Di Franco: lições de Mestres
A magia do jornalismo
Por Carlos Alberto Di Franco (artigo publicado em O Globo, 13/07/2009)
“Acho que o jornalismo e não o Times, está sendo ameaçado pela internet”, disse Talese à revista Época. “E o principal motivo é que a internet faz o trabalho de um jornalista parecer fácil. Quando você liga o laptop em sua cozinha, ou em qualquer lugar, tem a sensação de que está conectado com o mundo. Em Pequim, Barcelona ou Nova York…Todos estão olhando para uma tela de alguns centímetros. Pensam que são jornalistas, mas estão ali sentados, e não na rua. O mundo deles está dentro de uma sala, a cabeça está numa pequena tela, e esse é o seu universo. Quando querem saber algo, perguntam ao Google. Estão comprometidos apenas com as perguntas que fazem. Não se chocam acidentalmente com nada que estimule a pensar ou a imaginar. Às vezes em nossa profissão, você não precisa fazer perguntas. Basta ir às ruas e olhar as pessoas. É aí que você descobre a vida como ela realmente é vivida.”
A crítica de Talese, algo precipitada e injusta com o jornalismo digital, é um diagnóstico certeiro da crise do jornalismo impresso. Os jornais perdem leitores em todo o mundo. Multiplicam-se as tentativas de interpretação do fenômeno. Seminários, encontros e relatórios, no exterior e aqui, procuram, incessantemente, bodes expiatórios. Televisão e internet são, de longe, os principais vilões. Será? É evidente que a juventude de hoje lê muito menos. No entanto, como explicar o estrondoso sucesso editorial do épico “O Senhor dos Anéis” e das aventuras de Harry Potter? Os jovens não consomem jornais, mas não se privam da leitura de obras alentadas.
O recado é muito claro: a juventude não se entusiasma com o produto que estamos oferecendo. O problema, portanto, está em nós, na nossa incapacidade de dialogar com o jovem real. Mas não é só a juventude que foge dos jornais. A chamada elite, classes A e B, também tem aumentado a fileira dos desencantados. Será inviável conquistar toda essa gente para o mágico mundo da cultura impressa? Creio que não. O que falta, estou certo, é realismo e qualidade.
Os jornais, equivocadamente, pensam que são meio de comunicação de massa. E não são. Daí derivam erros fatais: a inútil imitação da televisão, a incapacidade para dialogar com a geração dos blogs e dos videogames e o alinhamento acrítico com os modismos politicamente corretos. Esqueceram que os diários de sucesso são aqueles que sabem que o seu público, independentemente da faixa etária, é constituído por uma elite numerosa, mas cada vez mais órfã de produtos de qualidade.
Num momento de ênfase no didatismo e na prestação de serviços - estratégias úteis e necessárias-, defendo a urgente necessidade de complicar as pautas. O leitor que precisamos conquistar não quer o que pode conseguir na TV ou na internet. Ele quer qualidade informativa: o texto elegante, a matéria aprofundada, a análise que o ajude, efetivamente, a tomar decisões.
A receita de Talese demanda forte qualificação profissional. “A minha concepção de jornalismo sempre foi a mesma. É descobrir as histórias que valem a pena ser contadas. O que é fora dos padrões e, portanto, desconhecido. E apresentar essa história de uma forma que nenhum blogueiro faz. A notícia tem de ser escrita como ficção, algo para ser lido com prazer. Jornalistas têm de escrever tão bem quanto romancistas”. Eis um magnífico roteiro e um formidável desafio para a conquista de novos leitores: garra, elegância, rigor, relevância.
O nosso problema, ao menos no Brasil, não é de falta de mercado, mas de incapacidade de conquistar uma multidão de novos leitores. Ninguém resiste à matéria inteligente e criativa. Em minhas experiências de consultoria, aqui e lá fora, tenho visto uma florada de novos leitores em terreno aparentemente árido e pedregoso. O problema não está na concorrência dos outros meios, embora ela exista e não pode ser subestimada, mas na nossa incapacidade de surpreender e emocionar o leitor.
Os jornais, prisioneiros das regras ditadas pelo marketing, estão parecidos, previsíveis e, conseqüentemente, chatos. A revalorização da reportagem e o revigoramento do jornalismo analítico devem estar entre as prioridades estratégicas. É preciso seduzir o leitor com matérias que rompam com a monotonia do jornalismo declaratório. Menos Brasil oficial e mais vida. Menos aspas e mais apuração. Menos frivolidade e mais consistência.
Além disso, os leitores estão cansados do baixo-astral da imprensa brasileira. A ótica jornalística é, e deve ser, fiscalizadora. Mas é preciso reservar espaço para a boa notícia. Ela também existe. E vende jornal. O leitor que aplaude a denúncia verdadeira é o mesmo que se irrita com o catastrofismo que domina muitas de nossas pautas.
Perdemos a capacidade de sonhar e a coragem de investir em pautas criativas. É hora de proceder às oportunas retificações de rumo. Há espaço, e muito, para o jornalismo de qualidade. Basta cuidar do conteúdo. E redescobrir uma verdade constantemente reiterada pelo jornalista Ruy Mesquita: o bom jornalismo é “sempre artesanato.”