terça-feira, 7 de maio de 2013

OMC: eleição em ótima hora

Por Murillo Victorazzo

A eleição do brasileiro Roberto Azevedo para a direção-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) é inegavelmente a principal vitória de nossa diplomacia nos últimos anos. Se, por um lado, o Brasil é ainda um país relativamente fechado ao comércio exterior, por outro, é reconhecidamente um dos maiores defensores do multilateralismo.

 Embora Azevedo deva ser, a partir de agora, menos diplomata nacional e mais dirigente internacional, responsável pela busca por consensos na entidade, sua eleição vem em ótima hora para os interesses do Itamaraty, não apenas pelo óbvio papel protagonista que o país adquire.

Se conseguir algo como o destravamento da Rodada de Doha, Azevedo fortalecerá o multilateralismo em um momento em que pipocam por todos os cantos do mundo acordos bilaterais, prática pouco perseguida em Brasília, e embriões de novas zonas de livre-comércio, como o Acordo Transatlântico (EUA-UE) e a Parceria Transpacífico (TPP). Ganharia a OMC e ganharia a política externa brasileira.

Só com gardenal...

Por Murillo Victorazzo

Guilherme Afif Domingos, Fernando Collor e Paulo Maluf eram os candidatos da direita (seja a liberal econômica ou a conservadora) à Presidência em 1989. Afif tinha como principal adversário ideológico Lula, do PT, mas, em certo momento daquela campanha, travou as batalhas retóricas mais duras com Mário Covas, do PSDB, à época um partido realmente social democrata.

Para Afif, e muitos representantes da direita, a centro-esquerda tucana e a esquerda socialista petista eram frutos da mesma árvore. Tinham boa dose de razão. As siglas de fatos apresentam um passado em comum. Não por acaso, no segundo turno, Covas apoiou Lula, que recusou a ajuda do PMDB de Ulysses, e Afif seguiu com Collor, assim como o PFL e Maluf. 

Décadas depois, aquele PT socialista caminhou pra social democracia, e o PSDB tornou-se a sigla preferida da centro-direita. Ambos, quando governo, apropriaram-se do modus operandi clientelista e fisiológico típico do centrão direitista peemedebista e pefelista (hoje demista). 

Petistas se aliaram a Collor, enquanto os tucanos, a Afif e o PFL. O grupo de Maluf e o PMDB integraram a base aliada tanto de Lula como de FHC. Agora, Afif, vice-governador do estado mais importante administrado pelo PSDB, é também ministro do governo petista de Dilma... 

Como sempre digo, tucanos e petistas são mais próximos do que desejam; bobos aqueles que acham que há santos ou demônios nesta dualidade. A lógica política partidária no Brasil é compreensível apenas para os  mais fortes. Os fracos acabam apelando para o gardenal...