quarta-feira, 6 de março de 2013

Chávez: nem Deus, nem o diabo

Por Murillo Victorazzo

Chávez não era o generoso democrata, salvador dos latinos americanos, como alguns da esquerda preferiam acreditar.Tampouco era o diabo na Terra, o "anti-Cristo", o "herdeiro" de Stálin, um perigo para o Brasil (seria o mesmo que o gato ter medo do rato), como a direitona conservadora, representada por colunistas como Reinaldo Azevedo, Merval Pereira, Diogo Mainardi, pregava.

A receita do petróleo, que, até sua eleição, ia apenas para as mãos de uma elite corrupta e parasita, com ele, chegou ao andar debaixo. Com a criação das "missões", financiada por este dinheiro, Chávez fez por merecer toda a admiração e gratidão que os mais pobres lhe dedicavam.

Em seu governo, a pobreza na Venezuela caiu mais de 20%, e o país passou a registrar a menor desigualdade entre ricos e pobres entre nações latino-americanas, de acordo com relatório da ONU. As taxas de analfabetismo e de mortalidade infantil despencaram.

Por outro lado, embora seus fanáticos defensores não queiram ver, era sim um protoditador. Ainda que não haja notícias de mortos e desaparecidos políticos, perseguiu adversários, restringiu liberdades individuais, prinicipalmente a de expressão, e, pior, deu respaldo a terroristas como os das Farc.

Sua plataforma econômica, exageradamente estatista/nacionalista, já se mostrava inflacionária. O desabastecimento é um drama cotidiano para venezuelanos. Sua retórica antiamericana era não apenas demagógica e anacrônica como hipócrita: 75% das exportações de petróleo vão para o Tio Sam.

Na balança dos prós e contras, Chávez criou um regime que não deve ser seguido por país algum. Mas não se pode negar: seu estilo caudilho boquirroto externava uma personalidade polarizadora e contraditória, como de tantos outros líderes da História.

Contradição que pode ser sintetizada no fato de ter sido um projeto de tirano com respaldo - não apenas uma vez - do voto popular.

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