sexta-feira, 9 de junho de 2017

A triste comédia de um circo chamado TSE

Por Murillo Victorazzo

Muitas vezes, o Judiciário vai genuinamente de encontro ao desejo da opinião pública. Ritos, técnicas, leis nem sempre alcançam o senso comum. O populismo judicial é tão prejudicial quanto um juiz que lê leis como um fundamentalista lê a Bíblia. Mas o que se viu nesta semana, no julgamento pelo TSE da chapa Dilma-Temer não foi nenhum destes casos.

O que o brasileiro engoliu pela TV foi um circo armado onde quatro canastrões, dois recentemente chegados àquele local para encenar exatamente esse papel, interpretaram um pastelão de péssimo gosto. Os argumentos tão escancaradamente cínicos e rasos, não simples filigranas jurídicas, decorados com tanto empenho para livrar Temer, deixou apenas uma conclusão: eles de fato pensam que somos otários. 

O voto de desempate, o clímax da patifaria, só poderia ter sido dado por quem melhor sintetiza o ocorrido: Gilmar Mendes, aquele que não cansou de se encontrar nas noites de Brasília ou na Europa com o presidente acusado, é um câncer narcisista e arrogante imune a críticas pelo antipetismo visceral até recentemente. Talvez agora estes tenham acordado.

A bizarra peça ainda abriu espaço para monólogos estarrecedores alheios à analise da ação, como a eloquência do ministro Napoleão Mais ao se defender de denúncias que o envolveriam em delações.

Calúnias são resolvidas com ações judiciais. Algo está disfuncional ou não cheira bem quando, em plenário, um membro do próprio Judiciário, ainda que apenas como força de expressão, faz o gesto de degola para dizer desejar que a "ira do profeta" caia sobre seus acusadores. Corre-se o risco da leviandade, mas o passado exige o ceticismo com discursos altamente indignados: quanto mais forte o tom, mais fraca a credibilidade.

Depois de hoje, o melhor seria que o TSE fechasse, e o nababesco prédio se tornasse um mero comitê pra cuidar apenas da logística e burocracia de eleições. Só não peço um Engov porque sou alérgico a Aas.

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