sábado, 3 de junho de 2017

PSDB sendo PSDB

Por Murillo Victorazzo

Principal voz de apoio ao impeachment de Dilma, o PSDB não só aceitou participar como se tornou o esteio programático do governo Temer, o outro lado da moeda que será julgada no TSE dia 6 graças a uma ação sua ("só pra encher o saco deles [petistas]", como admitiu Aécio nas fitas da JBS). Agora, afirma que a debandada do governo que ajudou a ascender depende do julgamento que ajudou a acontecer. Quanta ironia...

Assessores de Temer, segundo o Globo, dizem duvidar da ruptura, por estarem no mesmo barco, já que, entre outras razões, Aécio, o presidente até então da sigla, foi alvejado no coração na mesma delação que bombardeou o Planalto. A denúncia da PGR apresentada nesta sexta-feira, 2, reforça o argumento.

Alckimim, de olho em 2018, de início, torcia para que o abandono do barco acontecesse logo. Depois, refez a estratégia e, sentindo que uma eleição indireta embaralharia as cartas do jogo sucessório, por fortalecer o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), recuou. Pressiona neste momento para a seção paulista se manter ao lado de Temer. Deputados da ala jovem desejam o oposto.

Ameaçados, o PMDB chantageia. Manda mensagens garantindo que não apoiarão nenhuma chapa do PSDB ano que vem, caso a sigla faça com Temer o mesmo que os peemedebistas fizeram com o PT.

Os tucanos estão presos à armadilha da hipocrisia, incoerência e pouca visão (Temer ser alvejado pela Lava Jato não deveria surpreender ninguém; ao contrário, era o esperado) que criou para si próprio. E se mantém "consteando a alambrado", como diria o velho Brizola, com a dubiedade típica do partido que cresceu com a pecha de gostar de um muro e ser naturalmente rachado.

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