segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Bolsonaro chavista? Faz sentido


Por Murillo Victorazzo

Uma entrevista do queridinho da direita radical brasileira, deputado Jair Bolsonaro, ao Estadão, em setembro de 1999, caiu nesta segunda-feira na redes. (imagem ao lado) Nela, o parlamentar faz elogios ao recém-empossado presidente venezuelano Hugo Chávez, coronel que havia sido preso por tentativa de golpe militar sete anos antes contra um presidente de centro-direita, por ele chamado de "neoliberal". Uma pérola de respostas, em especial a última.

A princípio, ninguém é obrigado a ter opiniões imutáveis e todos podem de fato se "decepcionar" com o tempo. Mas, àquela época, já eram notórios o passado golpista de Chávez, os setores esquerdistas que o apoiavam e os primeiros atos concentradores de poder e estatizantes da nova Carta do país - e, por isso, muitos no Brasil e lá fora já se preocupavam. (matéria completa: http://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19990904-38672-nac-0007-pol-a7-not/busca/Bolsonaro)

Igualmente chama a atenção o lapso de sincericídio, constrangedor a ambas as partes e que deve dar tilt na cabeça dos apaixonados simpatizantes do deputado: comunismo e a ditadura militar brasileira podem sim serem consideradas próximos, dois lados da mesma moeda. Compartilhavam da noção de Estado grande, centralizado, intervencionista em todos os setores, em maior ou menor intensidade; suas cúpulas, as únicas capazes de conduzir o povo, e não o contrário. Não por acaso, militares como Prestes e Lamarca se tornaram expoentes do movimento comunista brasileiro, e as Forças Armadas foram o esteio desses regimes em todo o mundo.

Mais do que tudo, portanto, essa entrevista reforça o pior dos defeitos de Bolsonaro: ele e seus filhotes ultrapassam o embate direita x esquerda, pelo menos as moderadas - nem toda direita é liberal, e esquerda está longe de ser sinônimo de comunismo). São eles deploráveis leões de chácara: indigentes intelectuais, incapazes de articular raciocínios políticos, sociais e econômicos mais complexos e coerentes, truculentos, brucutus sem apego algum às normas de uma sociedade verdadeiramente democrática, tolerante e diversificada, incluído aqui o Estado de Direito e suas instituições. O passado do capitão e afirmações presentes da família confirmam.

É de fazer rir sua tentativa de repaginada liberal democrata. Até o moralismo não se sustenta, como se vê nas notícias de empreguismo familiar. Assim como Chávez, Bolsonaro é exemplo de populismo autoritário messiânico. Em seu caso, com verniz hiperdireitista. Esta é sua essência.Faz sentido o elogio.

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