segunda-feira, 30 de julho de 2018

Bolsonaro e Pinochet: mais uma evidência da hipocrisia do "mito"

Por Murillo Victorazzo

Sem mencionar seus votos contrários ao Plano Real e às reformas de FHC e para justificar sua repentina nova roupagem neoliberal ao mesmo tempo em que defende o projeto econômico estatizante - burocratizante, fechado, endividador e concentrador de renda - da ditadura militar, Bolsonaro argumenta que, “naquela época”, não havia opções. No "Roda Viva" de hoje, deu, como sempre, exemplo falaciosamente reducionista: "A iniciativa privada não construiria Itaipu".

Mas essa mesma ditadura, em seu primeiros anos de Castelo Branco, namorou com propostas liberais de Roberto Campos. E, ao nosso lado, Pinochet, enquanto comandava um regime que executou três mil pessoas, liberalizava radicalmente a economia do Chile, privatizando até a Previdência. Ou seja, restrição contextual não foi a razão fundamental daquelas políticas; foi sim escolha ideológica dos generais brasileiros - basta recordar a gritaria dos clubes Militar e Naval no processo de privatização da Vale e Telebrás na década de 90.

Esse mesmo Pinochet que ele admira a ponto de pedir ao Itamaraty para enviar, em 2006, mensagem oficial elogiosa ao ditador morto, também por seu "legado" econômico. Esse mesmo ditador preso por genocídio, processado por corrupção e sonegação (com fortunas no exterior descobertas) e suspeito de tráfico de drogas após denúncia de ex-assessor meses antes de seu falecimento. (https://theintercept.com/2018/07/30/telegrama-inedito-bolsonaro-pediu-a-embaixada-elogio-a-ditador-acusado-de-trafico/)

Logo Bolsonaro, que acusa outros de terem bandidos de estimação. O "mito", entre outros defeitos, é um poço de contradição e hipocrisia.

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