segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

A crônica da morte anunciada

Por Murillo Victorazzo

Não foi mero vandalismo, é preciso frisar. Foi atentado ao Estado democrático de Direito, tentativa de ruptura institucional. Não foi um fato isolado, basta lembrar atos ocorridos em dezembro. Não foi espontâneo; é urgente se descobrir os financiadores. Portanto, não me venham com falsas equivalências. Violência política como fim em si mesmo tem nome.

Não relativizem, não foi “o povo brasileiro”. Mas, se lhes faltam cérebro, esses terroristas, golpistas, fascistoides têm, pelo menos, alguma coragem. Mais desprezível ainda são os que estão há dois meses omissos ou estimulando, clara ou disfarçadamente, nas redes sociais, no conforto de seus sofás. Entre eles, claro, o mais covarde, o responsável maior, o mentor, aquele que - há muitos anos - incentiva o ódio às instituições e a descrença no sistema eleitoral - independente de ser Lula o adversário. Também através da instrumentalização das forças de segurança, “governou” assim. Está desde o dia 30/12 foragido na Flórida.

O PT sempre considerou golpe o impeachment de Dilma. Algumas pessoas da direita arrotavam que a esquerda não sairia pacificamente do poder. Que quebraria e invadiria ruas e palácios. Nada aconteceu. O bolsonarismo sempre fez o que acusava os outros de fazer.

Nunca se tratou do debate natural entre direita e esquerda. Era óbvio que ultrapassava o direito à liberdade de expressão. É a crônica da morte anunciada. Pior, a busca pelos criminosos se tornará, no universo paralelo bolsonarista, “perseguição” da “ditadura comunista”…

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