Comparem a repercussão das derrotas de outros times brasileiros em Mundiais com a da derrota do Flamengo ontem. As redes sociais estavam inebriadas. Vindo dos decadentes rivais cariocas, famélicos de títulos e finanças paupérrimas, nada a estranhar. Apesar da cara de pau, faz parte do folclore do futebol. Mas êxtase igual ou maior vinha do outro lado da Via Dutra.
Entre zoeiras normais e salutares, ódios e leviandades irmanaram corintianos, palmeirenses e são paulinos, além claro de minúsculos mineiros e gaúchos, acostumados à autoimagem de vítimas do “eixo”. A gente sente o tom de quando é uma coisa ou outra. Até veterano colunista político do UOL, que nunca escreveu sobre futebol, prestou-se hoje a rastejar como blogueiro clubista, em texto de dar inveja a Milton Neves.
O poderio atual do Flamengo dá nitidez ao tradicional sãopaulocentrismo: jamais suportarão que o clube de MAIOR torcida e MAIOR faturamento do país não seja do estado mais rico e populoso do país. Que ele seja tão ou mais vitorioso. Só lhes restam teorias da conspiração e frases feitas, não importando que fatos até recentes claramente as refutem
Pessoas qua mal param pra ver futebol despertaram para o jogo e resolveram provocar. É incrível. Talvez nem percebam. Mas essa comoção só reforça o que vocês nos acusam de propagar: que o Flamengo é o centro desse país. Ninguém gasta tanto tempo e sentimentos ruins com quem é “pequeno”, “apenas mídia” ou tem “torcida terceirizada”. São vocês que provam como somos gigantes.
A antipatia generalizada é proporcional ao nosso tamanho. Pode até ser que, depois de tanto títulos conquistados, esse seja um atípico ano de jejum. Mas, no fundo, e esta é a razão do êxtase momentâneo, vocês sabem que muitos outros virão.
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