sexta-feira, 25 de julho de 2014

Uma certeza: política nas redes sociais,não

Por Murillo Victorazzo

Os anos de Facebook me deram uma certeza: sim, amo política, tanto a nacional como a internacional. Trabalho, trabalhei, estudo, estudei, li, leio desde garoto o assunto. Mas não gastarei, nem tenho gasto há vários meses, meu tempo sobre o assunto nas redes sociais. Infelizmente, com exceções, elas só serviram para transformar temas sérios, complexos, em uma espécie de papo de botequim futebolesco com verniz "antenado". 

Abomino os ignorantes no ramo que se acham conhecedores profundos e, como argumentação, repetem apenas palavras de ordem, frases de efeito, ou preconceitos. Ironicamente, sem notar suas próprias ignorâncias, gritam que "só ignorante" - no sentido preconceituoso e classista da palavra, ou seja, pobre - para aprovar isso ou aquilo.

Gente que veste a camisa de um lado, ou contra outro, como se fosse seu time em final de campeonato: de forma dogmática e, consequentemente, obtusa, cega. Que pouco lê, ou lê um só segmento editorial e de imprensa, quando não apenas o título e o lead, e, mesmo assim, torna-se papagaio dele. Alguns se tornam discípulos de articulistas que arrotam ódios e neuroses em proselitismos ideológicos exacerbados. Outros são paranoicos, obcecados, que veem fantasmas do passado em tudo, "debatendo" sob o ângulo e com termos da polarização da década de 60. 

Pessoas que compartilham baixarias ou difamações de internet só porque não curtem determinado lado. Parecem seguir a velha fórmula maquiavélica: os fins justificam os meios. Que veem o mundo de forma maniqueísta, dicotômica, binários que são. Nuances não são com eles, o que, por si só, demonstra a dificuldade de refletir racionalmente, não apenas com paixões, ódios ou pré-concepções. Muitos, radicaloides de esquerda ou de direita. 

Gente que pouco conhece a História e até pouco tempo não se interessava por estes assuntos, mas agora vem vociferar "teses", sem o mínimo de capacidade de contextualizar, comparar. Quem não tem memória política - seja por ter vivenciado ou por ter lido, estudado - é incapaz de analisar. Porque o hoje é reflexo do ontem. Que acha que elogiar algo de um lado é "pertencer" a ele. Ou o contrário: criticar determinada postura de um é ser eleitor, simpatizante, do outro. 

Não sou o dono da verdade, e sei que quem me conhece entenderá que nada tem de presunçoso este meu comentário. Alguns poderão até ver um "muro" na minha posição. Tudo bem, se desprezar dogmas e fundamentalismos - seja religioso, partidário ou ideológico-, evitar "paixonites", arroubos, hipérboles, superlativos, é subir no muro, eu ficarei lá prazerosamente. 

Tenho minha visão de mundo. Sei o tipo de país, de Estado, que desejo ter. De relações políticas, sociais, econômicas e internacionais que gostaria de ver aplicadas. Aquele que se aproximar dela em determinado momento ou assunto merecerá meu elogio, minha defesa e/ou meu voto. Nunca alinhamento prévio automático, contra ou a favor de partidos, pessoas ou países, a ponto de não reconhecer eventuais méritos ou razões daqueles por quem menos simpatizo. E, justamente por isto, longe de ideias vindas das extremidades do espectro político.

Pessoalmente, trocarei sempre ideias com os amigos sobre ela. Nas redes sociais, infelizmente não. Já tive o desprazer de tentar, e o resultado foi frustrante.

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