sexta-feira, 17 de novembro de 2017

A decadência de um jornalista

Por Murillo Victorazzo

O país todo parece imobilizado diante da roubalheira do PMDB. Protesto algum é visto em rua alguma do RS ao AP, passando por SP, MG, DF, nem mesmo em finais de semana. Ninguém em frente ao Senado quando "libertaram" Aécio Neves em Brasília.

Mas hoje, sexta-feira, dia de trabalho, Ricardo Noblat, em seu twitter, preferiu evocar um velho estereótipo contra o carioca para criticar a pouca mobilização em frente à Alerj: "Sabe como é: deu praia hoje. 40 graus".

Ser o estado em que a crise econômica e a ladroagem peemedebista mais foram danosas não minimiza o silêncio de outros locais. Nem torna o seu tão diferente, tão pior, a ponto de usar de preconceitos babacas para pseudoexplicações.

No Rio, aconteceu, em 68, a maior passeata contra a ditadura, a "Passeata dos Cem mil". Em 84, mais de um milhão foram à Candelária por "Diretas Já". Em 2013, mais de 300 mil pessoas se deslocaram para a Avenida Presidente. Vargas, além de outros menores protestos. Contra Dilma, outros tantos milhares se reuniram em Copacabana. Fora os comícios gigantescos de candidatos em 89.

Em vez de discutir o porquê da paralisia nacional, o porquê de mobilização contra X, mas não contra Y, Noblat achou melhor ir contra o papel de sua profissão: além de reportar, pensar, refletir, fora de chavões deploráveis.

É ainda mais lamentável por vir de um jornalista nascido em região tão vítima de rótulos negativos como o Nordeste. Que decadência, Noblat. Já não bastavam as inúmeras barrigas recentes.

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