quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Luislinda não é apenas mais uma cara de pau

Por Murillo Victorazzo

Ministra dos Direitos Humanos - frisemos, Direitos Humanos -, Luislinda Valois calou-se na polêmica acerca da esdrúxula portaria sobre "trabalho escravo". Postura bem diferente de Flávia Piovesan, recém-demitida secretária nacional de Cidadania, uma das poucas figuras respeitáveis desse governo.

Nesta quinta-feira, dia 2, o Estadão revelou que Luislinda havia encaminhado um pedido para acumular o salário de ministra com o de desembargadora aposentada. Totalizaria R$ 61 mil, bem acima do teto constitucional do funcionalismo, de R$33,7 mil.

Ao tentar justificativa o pedido, disse que precisava "se apresentar trajada dignamente" e fez alusão a escravidão. “Sem sombra de dúvidas, [o desconto pelo teto] se assemelha ao trabalho escravo, o que também é rejeitado, peremptoriamente, pela legislação brasileira desde os idos de 1888 com a Lei da Abolição da Escravatura”, escreveu no documento com mais de duzentas páginas.

A comparação revelaria apenas mais uma cara de pau entre tantas em Brasília, se não fosse ela titular de um ministério com esse nome e negra. Sendo, é canalhice mesmo. Canalhice com convicção, pois disse mais tarde que se tratava apenas de uma "simbologia".

Em um governo sério,  Luislinda, filiada ao PSDB, já estaria demitida. Mas esperar que Temer se preocupe com seriedade é esperar que traficante se preocupe com a licitude da droga.

Os canalhas perderam a vergonha de se assumir. O fígado do brasileiro não aguenta mais. E a culpa não é da cerveja.

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