quinta-feira, 25 de junho de 2009

Jovens brasileiros começam a descobrir o handebol

Por Murillo Victorazzo (matéria publicada no site http://www.rio2007.org.br/, 14/07/2007 )

Os irmãos Mateus e Francisco Rezende, 15 e 17 anos, chamavam a atenção nas arquibancadas do Pavilhão 3B do Complexo do Riocentro, durante as partidas da primeira rodada do handebol masculino no RIO 2007. Os dois, juntos com mais quatro amigos, vieram de Resende, interior do Rio de Janeiro, apenas para assistir aos jogos do esporte que praticam há três anos no CCRR, clube de sua cidade. Com perucas, bandeiras e camisas verde-amarelas, eles eram uma amostra do crescimento do handebol no país. O bom público presente às partidas do Brasil era formado em boa parte por grupos de crianças e adolescentes, acompanhados ou não dos pais. Quase todos adeptos da modalidade em seus colégios ou em clubes.

“Adoro jogar handebol, e estou percebendo que o pessoal começa a entender e a gostar do esporte. Antigamente, era impossível ver alguém com a camisa da seleção de handebol”, afirma Francisco, apontando para a vestimenta que usava.
Para Mateus, a popularização do handebol é fruto das recentes conquistas. No feminino, além de um inédito sétimo lugar no Mundial da Alemanha, este ano, o Brasil busca, nestes Jogos, o tricampeonato pan-americano. No masculino, o país pode chegar ao segundo ouro consecutivo, após faturar a prata em Winnipeg 99.“Uma medalha sempre ajuda, né”, diz Mateus, ao lado de seu professor de handebol Carlos Augusto Correa.

Carlos Augusto conta que, cada vez mais, o esporte está sendo ensinado nas aulas de educação física das escolas:“O handebol está crescendo a nível escolar. Além disso, o projeto da confederação tem estimulado mais crianças a conhecerem o esporte”.

O projeto à que se refere Carlos é o Mini-Hand, trabalho desenvolvido pela Confederação Brasileira de Handebol, desde 2000, que busca viabilizar a prática da modalidade, principalmente entre crianças carentes. Com a vinda do patrocínio da Petrobrás, em 2004, o Mini-Hand ganhou força. Hoje, há 159 núcleos por todo o país. São aproximadamente 14 mil crianças entre 8 e 12 anos iniciando na modalidade. A estatal deve investir este ano R$2,8 milhões.

Chefe da equipe brasileira no RIO 2007, Adilson Velloso Junior confirma o crescimento do handebol no país, seja em nível técnico ou em popularidade. A ascensão, explica, é fruto de um trabalho de base e do patrocínio da Petrobrás. “Uma medalha incentiva mais jovens a praticarem o handebol, além de chamar atenção da imprensa e de patrocinadores. Mas, por outro lado, para chegarmos a esses resultados, é preciso uma base forte e espaço na mídia”, afirma Velloso. “Nos nossos torneios juvenis, mais equipes estão se destacando. É conseqüência desse trabalho com a criançada”, assegura Velloso.

Outro causa do fortalecimento técnico do handebol brasileiro é ida de jogadores para o exterior. Atualmente há 22 mulheres e dois homens atuando em clubes de fora do país.“É importantíssimo que brasileiros tenham cada vez mais experiência internacional”, afirma Velloso.

A ponta direita Alexandra Nascimento, a Ale, é uma das atletas da seleção que atuam fora do Brasil. Jogadora do Hippos Klub, da Áustria, ela concorda com Velloso.“Temos muito boas jogadoras dentro do Brasil, mas o intercâmbio é fundamental”, diz ela, empolgada com o público presente nos jogos da seleção no RIO 2007. Na segunda partida, contra o Chile, no domingo, 15, praticamente todos os três mil ingressos foram vendidos.

Velloso lamenta a saída do treinador da equipe masculina, o espanhol Jordi Ribera, após os Jogos. Coordenador das categorias de base do handebol masculino, Ribera, após dois anos no Brasil, aceitou um convite para treinar um time de seu país.
No feminino, outro espanhol, Juan Oliver, faz o mesmo trabalho que Ribeira.“O Jordi unificou o modo de jogar das nossas seleções. Do juvenil até o adulto, todos estão jogando com a mesma filosofia Ele procura também trazer treinadores de fora para dar aulas. Espero que quem o substituir continue o trabalho” torce. Mesma opinião tem o armador esquerdo do Guilherme de Oliveira: “Com a vinda do Jordi, o handebol brasileiro deu um salto muito grande. Quando tivermos mais espaço na imprensa e uma grande conquista a nível mundial, cresceremos ainda mais”.

“Evoluímos técnica e taticamente. Hoje, o handebol já é o segundo esporte mais praticado nas escolas. Mas precisamos de mais divulgação na mídia”, reivindica a armadora central do Brasil Millene Figueiredo, que joga no Cleba C.L., da Espanha.

De qualquer maneira, parece que o handebol começa cair no gosto da juventude brasileira. Algumas cadeiras atrás de Mateus e Francisco, um grupo de quatro meninas se mostrava encantadas por estarem no ginásio. Pareciam encantas por poder ver de perto os atletas brasileiros do esporte que praticam em seus colégios, no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio de Janeiro. “Amo handebol. E fico muito feliz em ver que o ginásio está lotado”, diz Bárbara de Oliveira, 13 anos.
“O que mais gosto no handebol é o pulo que tenho que dar para fazer um gol”, conta Giovana Gouveia, 14 anos, sonhando com um futuro dentro das quadras. “Meu sonho é participar dos Jogos Olímpicos. Se for no Rio, em 2016, melhor ainda”, brinca, já torcendo pela candidatura de sua cidade natal.

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