sábado, 27 de junho de 2009

Marcelinho é o cara; bora Mengão!

Amanhã o Mengão pode ser bicampeão brasileiro de basquete. Vale a pena relembrar uma matéria com o Marcelinho, durante o RIO 2007.
Um tricampeonato com gostinho especial

Por Murillo Victorazzo (matéria publicada no site http://www.rio2007.org.br/, 29/07/2007)

As lágrimas nos olhos, assim que viu o filho subir ao alto do podio, não o deixaram continuar a conversa com o repórter do site oficial dos Jogos. Mas a emoção de René Machado era mais do que justa. Afinal o filho em questão é Marcelinho, o ala e capitão da seleção brasileira de basquete masculino, que havia acabado de ganhar o tricampeonato pan-americano, ao vencer Porto Rico por 86 a 65. Se toda a equipe dona da casa não cabia em si de tanta alegria pelo feito, imagine Marcelinho, carioca da gema e único dos jogadores a estar nas três conquistas, Winnipeg 99, Santo Domingo 2003 e Rio 2007.
“Ver meu filho ganhar mais um ouro e desta vez para a galera dele e uma emoção indescritível”, diz René, tentando segurar o choro e apontando para o público. Assim que soube da emoção do pai, Marcelinho também tentou pausar suas palavras para não chorar. Não conseguiu: “Cara, não dá, assim vou chorar. Todas as atitudes que tomei na vida foram espelhadas nele”.

A relação mútua de carinho e admiração entre eles vai além da frequentemente vista entre pais e filhos. Desde o início, ainda nas escolinhas do Flamengo, Marcelinho teve o pai como uma espécie de professor dentro de casa, fruto da experiência de René como jogador de basquete. O paizão é até hoje supervisor de Esportes Olímpicos do Fluminense, clube do Rio de Janeiro pelo qual Marcelinho iniciou sua carreira profissional. Mais tarde, aos 21 anos, transferiu-se para o Botafogo e hoje joga no Zalgiris Kaunas, da Lituânia. “Meu pai é tudo para mim, e não apenas no basquete. Ele é um exemplo, e não apenas no basquete”, diz Marcelinho.

Aos 32 anos, o filho de René é também o mais velho da seleção, o que lhe dá a condição de líder de uma equipe cujo mais novo e Paulão, de 19 anos. Seus companheiros, por isso, são unânimes em ressaltar a importância do capitão na conquista do ouro. “O Marcelinho tem o grupo na mão. E voz ativa em todas as situações, além de ser uma fera nos arremessos de três metros”, conta o ala Marquinhos, de 23 anos. “Ele é quem nos ajuda nos momentos mais difíceis, o porta-voz do grupo perante o treinador e diretoria. Mas, mesmo sendo o mais experiente, e super brincalhão, gente boa. A gente confia nele”, revela o pivô Murilo, 24 anos.

Mas nem toda esta experiência foi capaz de evitar um friozinho na barriga nos momentos que antecederam a final. Disputar uma medalha de ouro na sua cidade natal mexeu com o tricampeão, que confessa ter ficado muito mais ansioso ao entrar na quadra neste domingo do que nas finais de Winnipeg e Santo Domingo. “ Nao dá para comparar!Ver toda aquela torcida foi demais. Eles foram fundamentais. Ganhar no Brasil foi uma emoção única. Durante o jogo ficou muito concentrado, mas quando o hino tocou e vi meus pais, minha esposa, ai o coração disparou”, afirma Marcelinho.

Ele, no entanto, prefere minimizar seu feito de ser o único jogador presente em todas as conquistas. Para Marcelinho, as estatísticas e recordes individuais devem ficar em segundo plano. Prova disso foi que, após terminar o primeiro tempo como cestinha da partida, com 17 pontos, no segundo não pontuou mais, tendo preferido se dedicar as assistências “ A gente joga para o grupo. No segundo tempo, já que Porto Rico começou a forçar a marcação sobre mim, tive que me dedicar a outros fundamentos. E claro que estou feliz, mas o basquete e um jogo coletivo. Prefiro ressaltar que participei de três grupos vitoriosos”, pondera.

Sobre a decisão contra Porto Rico, Marcelinho diz que os brasileiros entraram em quadra muito concentrado por saberem que seria um jogo muito difícil. A vantagem aberta no inicio, garante ele, foi surpreendente. O Brasil chegou a fazer 9 a 0 e terminou o primeiro quarto com uma vantagem de 17 pontos. “Entramos muito concentrados, mas nos surpreendemos com o placar que fizemos no primeiro quarto”.

Marcelinho não ainda não teve chance de disputar um Jogos Olímpicos, pois, desde Atlanta 96, o basquete masculino brasileiro não consegue a classificaçãoo. É um sonho que ele espera ver concretizado ano que vem, em Pequim, para, realizado, poder encerrar sua participação na seleção brasileira. O Brasil tentará a vaga no Pré-Olimpico, em Lãs Vegas, Estados Unidos, no mês que vem. “ Estou confiante que nos classificaremos. Estando nos Jogos Olímpicos, podemos avançar e buscar uma medalha, pois o basquete mundial esta muito equilibrado. Ja conversei com o Lula (treinador) e meu projeto é me aposentar da seleção depois disso”, revela.

No entanto, mesmo vencendo em casa, Marcelinho não conseguiu manter uma tradição em todos títulos conquistados: levar a rede da cesta para casa. “ Eu tentei, mas nem dava para brigar com o voluntário, porque era meu amigo”, brincou.

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