sábado, 28 de fevereiro de 2015

Parabéns meu Rio! 450 anos de encanto!

Por Murillo Victorazzo

“Sublime, pitoresca, cores intensas, predomínio do tom azul, grandes plantações de cana-de-açúcar e café, véu natural de mimosas, florestas parecidas porém mais gloriosas do que aquelas nas gravuras, raios de sol. Tudo quieto, exceto grandes e brilhantes borboletas. Muita água, as margens cheias de arvores e lindas florestas”. Foi assim que Charles Darwin, descreveu o Rio de Janeiro, logo depois de avistá-lo, dando início a sua passagem pela cidade, em 1832.

Segunda maior cidade do país, hoje seria um tanto difícil manter as grandes plantações. Mas as cores intensas, o mar e a montanha a cercá-la, o sol – muitas vezes até exageradamente- a iluminá-la o ano inteiro, a maior floresta urbana do mundo permanecem.

Poucas – creio eu que nenhuma- cidade no mundo consegue ser simultaneamente metrópole e um estonteante balneário, dono de tão variada natureza, espalhada por diversos cantos. Quase sete milhões de pessoas têm o privilégio de aproveitar, a cada dia do ano, tal beleza, embora também tenham que superar as mais complexas adversidades típicas das grandes cidades, umas mais, outras menos.

Mas o meu Rio não é só beleza natural, é sua cultura popular, o jeito do seu povo, que torna qualquer esquina com cerveja o melhor point do mundo. É, por exemplo, sair da praia e parar naquele boteco por você frequentado há anos, onde, mesmo sozinho, é prazeroso parar no balcão e desenrolar papos intermináveis sobre tudo com os garçons, que de tão conhecidos estranham se você fica alguns meses sem por lá passar. É nas areias fazer amizades sem distinção de cor e classe social, com o morro e o asfalto convivendo, em todos os sentidos.

É fazer piada da sua própria dificuldade. É não cansar de passar finais de semana pelas rodas de samba de Vila Isabel, Andaraí, Madureira, Ramos e outros. É caminhar pelo Centro e pela Zona Portuária e ver a História do país diante dos seus olhos, capital que foi. É ter umbilicalmente integrados a sua vida pontos turísticos famosos no mundo todo, almejados por tantos. Tão integrados que, às vezes, a gente se esquece de dar-lhes seu merecido valor.

Quem cresceu indo ao Maracanã, frequentando a Marquês de Sapucaí, vendo o por do sol no Arpoador/Ipanema, tendo, a qualquer hora, em qualquer lugar, o Cristo Redentor lá em cima te abençoando, passando quase todo dia em frente ao Jardim Botânico, tendo mil histórias para contar sobre noites regadas à cerveja com os amigos em frente aos arcos da Lapa ou nas quadras de escola de samba, caminhando, desde que se recorda como gente, pelas ruas e lugarejos que inspiraram os mestres Tom Jobim e Vinicius de Moraes, entende o que falo.

Sim, sou desses bobos que, ao o avião se aproximar do Galeão ou do Santos Dumont, se encantam com o visual visto pela janela como se fosse a primeira vez e começam a cantar para si o "Samba do Avião": "Minha alma canta, vejo o Rio de Janeiro. Estou morrendo de saudades..."

Desses que ficam com o coração cheio de orgulho ao se deparar com um turista bestificado com o que, para mim, é trivial. Mas a trivialidade não me impede de tentar, por alguns minutos, me colocar no lugar dele e olhar de outro modo para minha cidade. Aí eu vejo como ela é imperfeitamente perfeita, de fato o a "cidade maravilha, purgatório da beleza e do caos".

Mas hoje é dia de esquecer a violência, o trânsito, os serviços mal oferecidos. Hoje eu só quero dizer: parabéns, meu Rio!!! 450 anos encantando o mundo, sendo a fonte de inspiração dos mais diferentes tipos de músicos. Como cantava meu Salgueiro em 2008: "Divina obra-prima pra se admirar. Entre morros e ladeiras. A brisa embala as ondas do mar. Essa gente tão cheia de graça. O turista que leva saudade. E o redentor abençoando. Maravilhosa cidade (...) E deixa o sol bronzear. No calor do meu Salgueiro. Eu sou raiz desse chão. E canto a minha emoção.Salve o Rio de Janeiro!"

Parabéns, eternamente o cartão postal do meu Brasil, parâmetro sócio-cultural do meu país. Sou orgulhosamente flamenguista,salgueirense e leblonense. Viva a carioquice! E se quiserem arrumar briga comigo, ousem duvidar do meu amor por essa cidade.

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