sábado, 21 de abril de 2018

O general ideologizado que reclama de ideologia

Por Murillo Victorazzo

O gosto por usar redes sociais já se tornou marca do comandante do Exército, general Villas Bôas. Recentemente causou apreensão com seus comentários sobre impunidade somente às vésperas do julgamento do habeas corpus de Lula no STF. O silêncio imperou quando outros escaparam da Justiça.

Agora, Villas Bôas resolveu criticar a suposta "ideologização dos problemas nacionais", como transcrito pelo excelente escritor Laurentino Gomes em seu twitter. O que afinal o general quis dizer com tal frase? 

Não só se pode como se deve criticar visões ideológicas extremadas, que beiram dogmas, sobre determinados assuntos, à esquerda e à direita. Sim, muitos resvalam neste erro, que simplifica o que é complexo. Mas certamente não foi este o sentido da declaração.

Para alguns setores da direita, algo ideologizado é sinônimo de “esquerdismo.” No mau sentido. É uma maneira subliminar de afirmar que sua visão de mundo é a racional, a pragmática, logo isenta e certa. Todo o resto seriam pontos fora da curva da lógica; devaneios, paixões, de fanáticos, utópicos ou de quem deseja destruir a “ordem”e a “família”. Desonestidade intelectual em forma de falácia

General, há muitos ideologizados ao seu redor. Quem, por exemplo, afirma que 1964 foi uma “revolução” e não golpe de estado, a partir da qual se instalou não uma ditadura mas um “regime militar” em que se combateu apenas “terroristas marxistas”, ou vê os governos petistas como comunistas, está radicalmente ideologizado (para não dizer adestrado).

País nenhum do mundo pensa sem debate de IDEIAS, por pior que elas sejam. É bem diferente de lamentar polarizações reducionistas e sem bases conceituais corretas. É antes de tudo questão de semântica.

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