quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

O custo da ideologia em política externa

Por Murillo Victorazzo

Uma das (pouquíssimas) conquistas mais celebradas em política externa pelo bolsonarismo foi a condição de aliado-extra OTAN dada pela Casa Branca de Trump. O status, em tese, permite ao Brasil vantagens na comercialização de material bélico e cooperação em desenvolvimento de tecnologia de defesa com os EUA.

Agora, quando a aliança está no centro da mais séria guerra na Europa em muitas décadas, o Itamaraty evita condenar claramente a agressão russa. Pode-se argumentar que o Brasil está se apegando à tradicional equidistância.

Bom, sem falar das diferenças entre neutralidade e respeito ao direito internacional (previsto na Constituição), o problema é a contradição e suas consequências: vai ser difícil concretizar as benesses propagandeadas e ver aceitas as recentes propostas brasileiras de cooperação em inteligência e participação no centro de ciberdefesa.

Mais um sinal da disfuncionalidade do alinhamento automático a governantes, em vez de fazer política entre Estados. Menos personalismos e ideologias, mais estratégia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário