sábado, 19 de fevereiro de 2022

Que tal ouvirem os ucranianos?

Por Murillo Victorazzo

Tão ridículo e raso quanto o americanismo deslumbrado de setores da direita liberal brasileira é o antiamericanismo patológico de setores da esquerda. Beira a infantilidade. Não surpreende, portanto, o ocidentalismo visto na cobertura de boa parte da imprensa, comprando acriticamente a versão de Biden sobre a iminência de invasão da Ucrânia e o "papel desestabilizador" de Putin. 

Tampouco os elogios de militantes avermelhados às provocações do líder russo à Casa Branca. No caso atual, certo estaria ele em refutar a expansão do "imperialismo" em direção a suas fronteiras. Sim, o Putin nacionalista, que institucionalizou a homofobia, é ligado à Igreja Ortodoxa e baniu do calendário as comemorações do centenário da Revolução Russa. 

A irônica novidade é assistir a esses "progressistas" compartilharem tal simpatia com a direita bolsonarista, aquela que grita defender liberdade, até pouco tempo atrás exaltava o alinhamento automático ao "Ocidente" de Trump, mas agora aplaude o autocrata russo por seus "valores conservadores", em detrimento dos “globalistas” Biden, Macron e cia. 

Nesse show de incoerências e banalidades ideológicas, só não buscam entender a política interna da Ucrânia e o que a maioria de sua população deseja.

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