sábado, 27 de novembro de 2010

Tubarões a vista

Por Murillo Victorazzo (matéria publicada na ISTOÉ, maio/2003)
 
Tubarões Banhistas se refrescando em um mar calmo, com poucas ondas, numa temperatura de cerca de 30 graus. No Rio de Janeiro, nada disso seria anormal, se não fosse a aparição de um polêmico personagem: o tubarão. Desde o fim de semana passado, quatro tubarões foram vistos na costa da cidade. A população, sob orientação do Grupamento Marítimo do Corpo de Bombeiros (G-Mar), começou a evitar o banho de mar depois da arrebentação. Mas será que há motivo para tamanha preocupação?

O biólogo Ulisses Leite Gomes, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), afirma não haver razão para pânico. Segundo ele, o que aconteceu nos últimos dias é algo natural e a insegurança das pessoas se deve ao desconhecimento do assunto. “Esses tubarões vivem aqui. Este é seu habitat natural.” Ulisses conta que não é a primeira vez nem será a última que esses animais serão vistos nessas áreas. “Os pescadores de Guaratiba (zona Oeste) devem estar rindo dessa situação. Eles pescam tubarões todos os dias”.

Um tubarão de 2 metros e meio e 250 quilos encontrado na praia da Joatinga chegou a ser morto a pauladas e pontapés pelos banhistas — sem qualquer motivo, de acordo com o biólogo. “ Pelas fotos que eu vi, o animal era da espécie mangona, que se alimenta só de peixes.” Os outros tubarões, encontrados nas praias de Grumari e Guaratiba, eram da espécie anequim e também são inofensivos. A razão para estarem sendo vistos tão perto da praia é o costume de se aproximarem em busca de alimentos. “O mangona nessa época sempre migra para o norte, após sua fecundação, para soltar seus filhotes”, explica.

O fato que mais alarmou os cariocas foi a mordida sofrida por um surfista de 16 anos na praia de Copacabana. Ele levou seis pontos em dois dedos da mão direta. O biólogo Otto Bismarck, professor da Unesp, em São Vicente (SP), diz que o adolescente foi realmente alvo de um ataque de tubarão e que o animal não era anequim nem mangona. “Foi um tubarão pequeno, de cerca de 1,2 metro. Não dá pra dizer o tipo, mas não era como os outros encontrados”.

Otto, porém, afirma não haver motivo para pânico. "O que houve foi algo ocasional. O garoto estava sozinho no mar, o tubarão o viu alí e foi provar o que era. Por isso, só a mordida na mão”, diz,  acrescentando que os tubarões só atacam quando a pessoa está sozinha no mar: “Se fosse uma costa com históricos de tubarões, como Recife, deveríamos ter mais preocupação. Mas no Rio de Janeiro, até agora, não há razão para isso. Foi um fato isolado”.

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