segunda-feira, 4 de julho de 2011

Malhação embaixo d'água

Por Murillo Victorazzo (matéria produzida na ISTOÉ, em 2003, mas não publicada)

Aquela hidroginástica tradicional, com pesos, bastões e músicas altas e rápidas, ganhou uma forte rival no Rio de Janeiro. A novidade fica por conta do professor de Educação Física José Cléber de Oliveira Souza, conhecido como o introdutor da hidroginástica no Brasil. Após três anos e meio de pesquisas, ele criou uma alternativa para os adeptos de uma malhação mais light. Juntou em uma só aula os conhecimentos de respiração e concentração da yoga, que servem para aumentar o fluxo de energia e oxigenação do corpo, com as técnicas de alongamento e automassagem do watsu (shiatsu dentro d’água) e chegou à hyowa.

J. Cléber, como é conhecido, afirma que os principais benefícios da modalidade são as melhorias das condições cardiorespiratórias, mobilidade articular, coordenação motora, combate à insônia e ao estresse, além de alongamento e tonificação muscular generalizada. “O aluno pode perder até mil calorias em uma hora de atividade”, calcula. As aulas se baseiam no aquecimento das articulações, trabalho de resistência muscular localizada, alongamentos e correções de postura. “O aluno aprende a soltar o peitoral e a usar o diafragma”, diz J. Cléber.

Para quem olha de fora, a impressão é de algo que não exige força, mas não é o que dizem os freqüentadores das aulas: “Equilibrar-se dentro d’água não parece, mas exercita muito o corpo”, afirma a publicitária Ana Cristina Ribeiro de Carvalho, 44 anos, uma das frequentadoras das aulas no Clube Germânia, na Gávea, zona Sul da cidade. Ela conta que nunca teve prazer em malhar até aprender a hyowa. “Me sinto dançando balé dentro d’água”, diz, exibindo o abdômen definido e brincando com seus amigos lutadores: “Costumamos fazer caminhada juntos e sempre ganho deles em resistência.” Ana Cristina fez recentemente um check-up, cujo resultado foi um “coração nota dez”, mesmo sendo de uma família com problemas cardíacos e vivendo na correria, com trabalho e filhos. “Só pode ser a hyowa que me deixa assim.”

J. Cléber explica que o menor impacto causado pela água e o fato de não usar pesos torna a técnica mais atrativa para os idosos. Não por acaso, a maior parte dos freqüentadores é de pessoas mais velhas, como a aposentada Marta Amorim Costa, 75 anos. Ela operou o coração e tem as artérias obstruídas, o que não a impede de fazer a hyowa há três anos. “Adoro esse lugar. Sinto-me rejuvenescida ao sair daqui”, propagandeia.

As aulas são praticada em piscinas aquecidas, com temperatura em torno dos 30 graus. “A água morna é o meio ideal para se atingir os estados mais profundos de relaxamento”, afirma ele. Outra diferença em relação à hidroginástica tradicional é a ausência de música “bate estaca” em volume alto. “O nosso fundo musical é o barulho da água. O exercício deve ser feito com tranqüilidade”, argumenta. “É uma meditação dentro d’água”, completa Ana Cristina.

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