terça-feira, 21 de julho de 2009

Democracia pode parecer piada. Mas não é. Que o digam os americanos

Por Murillo Victorazzo
Não são poucos os que, ao irem a Nova York, já viram na Times Square, no centro de Manhatan, aquele "Naked Cowboy" com seu violão tirando fotos com turistas. Vestido com chapéu e botas brancas, usando apenas uma cueca, Robert Burck tornou-se uma figura turística da cidade. Já chegou, inclusive, a sair em fotos e filmes pelo mundo todo. Nesta terça-feira, 21, segundo o site UOL Tablóide, o cowboy loirão, de 38 anos, anunciou sua candidatura à Prefeitura da "Big Apple".
No Brasil, muitos políticos ou candidatos entraram para história por seus exotismos. Uma candidatura similar a essa, por sinal, motivaria muitos a dizerem: "Este país não é sério, mesmo". Por sua origem, seus vestuários ou formação, boa parcela da sociedade os vê como sinal da avacalhação da política nacional. Seria uma triste especificidade nossa. Não é.
Um país como os Estados Unidos, cujo um dos presidentes mais marcantes e populares era um ator de segunda categoria de Hollywood, tal anúncio não chega a ser visto como escárnio. Tida como exemplo de democracia historicamente estável, o Tio Sam sabe que qualquer cidadão tem o direito de se candidatar ao cargo que desejar.

Para ser um bom político, não é necessário ser um gerente. Liderança, sensibilidade política e capacidade de se cercar por bons auxiliares não são necessariamente adquirida nos bancos universitários. Nem vocabulários e ternos bonitos significam competência.
O "Naked Cowboy", certamente, não será levado a sério nem é páreo em uma disputa cujo favorito é o atual prefeito,  o milionário Michael Bloomberg. Tampouco aqui se pretende considerá-lo assim. Certamente será motivo de piadas. E piadas fazem bem à política, o que é bem diferente de levar a política como piada.

Provavelmente, porém, os norte-americanos não o verão como sinal de uma suposta decadência de sua democracia. Salvo os donos de mentalidade obtusa, achincalarão o candidato, mas não o regime e suas instituições. O complexo de vira-latas não tem espaço por lá. Eles entendem melhor a essência da democracia - com seus defeitos e virtudes. Sabem que, como dizia Winston Churchill, a democracia é o pior dos regimes, exceto os outros.




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