domingo, 19 de julho de 2009

Heroína colombiana (a boa)

O RIO 2007 propiciou-me conhecer melhor esportes pouco difundidos no Brasil e atletas que, embora tenham pouca visibilidade, chamaram-me a atenção pela garra e volta por cima. A ciclista colombiana Maria Luiza Calle foi uma delas. Tive contato com ela no Velódromo do Rio, dia 17/07, após sua vitória na prova de perseguição individual:
Depois do susto em Atenas 2004, ciclista colombiana prossegue em sua volta por cima
Por Murillo Victorazzo (www.rio2007.org.com.br)
Aos 38 anos, a ciclista Maria Luiza Calle Willians é uma das mais respeitadas atletas da Colômbia. Nesta terça-feira, seu prestígio certamente deve ter aumentado. Ratificando seu favoritismo na prova de perseguição individual feminina do RIO 2007, ela, além de levar o bicampeonato, quebrou o recorde pan-americano.
Após a vitória, Maria Luiza era a imagem da satisfação consigo mesma. E não é para menos. Este ano, ela já havia sido medalha de bronze na mesma prova na Copa do Mundo de Los Angeles, e prata na prova de scratch, no Mundial de Palma de Mallorca, Espanha. Em 2006, levou o ouros na prova do scratch no Mundial, em Bordeaux, França, e a prata na perseguição individual na Copa do Mundo de Los Angeles, ambas em 2006.
Mas a carreira dela, nos últimos anos, não foi só alegria. Após levar o bronze na prova de corrida por pontos nos Jogos Olímpicos de Atenas 2004, Maria teve sua medalha retirada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), acusada de doping. Em outubro de 2005, ela reconquistou o bronze ao conseguir mostrar que era inocente. O remédio tomado, segundo ela, era para dor-de-cabeca. "Senti muita tristeza, principalmente por não poder fazer nada naquele momento. Mas a verdade apareceu e o ouro no RIO 2007 é o prosseguimento da minha volta por cima", diz Maria Luiza.
Um sinal da popularidade da atleta na Colômbia foi o telefonema do presidente Álvaro Uribe, durante a entrevista coletiva após a entrega da medalha. "Ele me deu parabéns por estar dando esta felicidade ao nosso país e disse que os colombianos estão me esperando de braços abertos", contou.
Com 18 anos e em seus primeiros Jogos, a medalhista de bronze da prova, Dalila Rodriguez, é outra que admira Maria Luiza ."É uma honra poder subir ao pódio com ela. Maria é um exemplo", diz a cubana.
Casada e formada em administração de empresas agropecuárias, Maria Luiza treina ciclismo há dez anos no Velódromo Martin Emilio Rodrigues, de Medellin, sua cidade natal. Ela conta que começou a praticar o esporte incentivada pelo pai. "Eu e meu pai gostávamos de correr de bicicleta. Ele me estimulou, e eu comecei a levar a sério", diz. O semblante sereno na conquista do ouro é o mesmo que teve no momento angustiante por qual passou.
Quem confirma esta característica da ciclista é Jose Julian Velasquez, seu treinador, presente em todas essas conquistas e no susto do suposto doping."Maria Luiza é muito tranqüila. E foi com a tranquilidade de quem tinha certeza de que não havia feito nada errado que ela lutou até recuperar sua medalha olímpica", conta ele, revelando o segredo do sucesso da colombiana: "Ela é muito profissional e ama o ciclismo, além de ter uma força mental e física impressionante".

Nenhum comentário:

Postar um comentário