terça-feira, 14 de julho de 2009

Vive la France: uma relação que dá samba?

Por Murillo Victorazzo
Presente às cerimônias comemorativas dos 22o da Queda da Bastilha, em Paris, o ministro da Defesa, Nélson Jobim deu mostras do intuito do governo brasileiro de realmente aprofundar as ditas relações estratégicas com a França. A preferência dada à sua indústria bélica no prometido processo de modernização das Forças Armadas brasileiras é o sinal mais concreto dessa política. Primeiro, os quatro submarinos para a Marinha; depois, ao que tudo indica, como Jobim deixa crer na matéria abaixo, os 36 caças para a FAB.
Por outro lado, também a França, pelo menos na retórica, mostra-se bastante interessada nessa relação. Tem sido ela o país europeu que mais parece convergir com os anseios da diplomacia brasileira. Em entrevista ao Globo, no último domingo, o embaixador francês no Brasil, Antoine Pouillieute, repetiu o apoio dado pelo presidente Nicolás Sarkozy à candidatura brasileira a uma vaga permantente no Conselho de Segurança da ONU.
Sarkozy, por sinal, foi o mais incisivo membro do G-8 a defender uma participação mais ativa dos países emergentes nas grandes discussões sobre o mundo. Destaque para a declaração conjunta dele com o presidente Lula, semana passada, defendendo uma rápida institucionalização do G-14, uma espécie de fusão do G-8 (Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, França, Canadá, Itália, Japão e Rússia) com o G-5 (Brasil, China, Índia, México e África do Sul) mais o Egito.
Emblemáticas também são a declaração de Poullieute de que "a Amazônia não é um problema mundial", ressaltando a soberania brasileira nessa questão (não esqueçamos que o assunto é de interesse direto da França, que tem território na região, a Guiana Francesa), e a vinda do líder francês a Brasília para participar das cerimônias do 7 de setembro. É esse pano de fundo que nos leva a matéria abaixo:
Jobim sinaliza vantagem da França em disputa por caças
Por Ana Carolina Dani (Folha de São Paulo, 14/07/2009)
O ministro da Defesa, Nelson Jobim disse ontem, em Paris, que o critério da transferência de tecnologia será fundamental para decidir o país que vai vencer a concorrência para a aquisição pelo Brasil de 36 caças do projeto FX-2. Jobim deu a entender que, por este aspecto, a França teria uma posição privilegiada nas discussões.
"Há uma disposição política do governo francês para a transferência de tecnologia. É uma decisão política tanto do presidente Nicolas Sarkozy quanto do presidente Lula. Existe disposição total dos franceses em caminhar nesse sentido", disse em entrevista na residência do embaixador do Brasil na França, José Maurício Bustani.
Segundo Jobim, a disposição da França em compartilhar tecnologia foi decisiva para a assinatura dos contratos de compra de quatro submarinos do tipo Scorpène, um de propulsão nuclear e 51 helicópteros militares que serão fabricados no Brasil.O ministro está em Paris para discutir com autoridades francesas a parceria estratégica entre Brasil e França na área de defesa, firmada no ano passado durante visita de Sarkozy ao Brasil.
Jobim também vai conhecer a linha de montagem do Rafale e voar em um modelo do caça francês, construído pela empresa Dassault, que está na disputa do projeto FX-2. Suécia e EUA também estão na concorrência.Segundo Jobim, a decisão final deve ser divulgada em agosto ou setembro, após análise do laudo que está sendo concluído pela FAB (Força Aérea Brasileira).
Sobre uma possível vantagem do candidato francês, ele disse não ter nenhum "a priori" sobre o assunto, mas concluiu dizendo que "o único país do mundo que tem tecnologia própria para avião, para submarinos de propulsão nuclear e com capacidade de transmissão é a França".

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