domingo, 19 de julho de 2009

Guanabara: beleza e poluição

Em junho de 2003 colaborei em uma matéria sobre desastres ambientais na revista ISTOÉ (edição nº1757). Assinada pela repórter Darlene Menconi, a matéria mostrava a gravidade dos despejos de lixos tóxicos no rio Tietê e outros lugares, problema que afetava a vida de cinco milhões de brasileiros.
Meu box chamava a atenção para o polêmico Programa de Despoluição da Baía da Guanabara, projeto que até então não havia se concretizado, tendo sido alvo até de CPI na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Lamentável que seis anos depois, quase nada mudou. E com um agravante: parece que tanto o programa quanto as denúncias foram apagados com o tempo.
Paisagem mutante na baía de Guanabara
Por Murillo Victorazzo
No verão de 2000, o Rio de Janeiro assistiu, impotente, ao seu pior desastre ambiental. Um vazamento na refinaria Duque de Caxias, da Petrobras, lançou nas águas da Baía de Guanabara, o maior cartão-postal da cidade, 1,3 mil toneladas de óleo combustível. A mancha negra atingiu áreas de proteção ambiental, matou animais e peixes.
Não foi o único acidente. Nas águas da Baía de Guanabara são despejadas, todos os anos, cinco mil toneladas de óleo e 465 toneladas diárias de carga orgânica doméstica, o equivalente a um estádio do Maracanã repleto. As 55 indústrias fluminenses, os terminais de combustível, os postos de gasolina, os estaleiros e os navios agravam a dose de poluentes.
Por conta desse volume, a despoluição da baía é o mais ambicioso projeto de recuperação ambiental do País. Começou nos anos 90, com recursos nacionais e de organismos americanos e japoneses. Seu objetivo era reduzir para um décimo a carga orgânica industrial jogada na baía e cortar pela metade o esgoto lançado. A previsão era concluir em cinco anos a primeira fase da obra, construindo linhas de esgotos na rua e estações de tratamento. Nove anos se passaram, gastaram-se US$ 800 milhões (R$ 2,4 bilhões) e falta cumprir um terço das metas.
A previsão de término da despoluição agora passou para o final de 2004. Estima-se que as águas da Guanabara já consumiram quase R$ 13 bilhões ao longo dos últimos anos. Pelos atrasos e denúncias de irregularidades, a despoluição virou alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembléia Legislativa do Rio. O programa de despoluição também será analisado pela força-tarefa criada no Ministério Público Federal para apurar e remediar os danos provocados ao meio ambiente e aos recursos hídricos do Rio de Janeiro.

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